Portugal é um exemplo
Segundo um relatório muito recente da Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia, o antissemitismo, especialmente na internet, aumentou durante a pandemia e, em muitos casos, os judeus são apontados como culpados pela pandemia ou por situações ligadas ao combate à covid-19, como a falta de vacinas a dada altura. Alemanha, França e República Checa são países onde a situação é especialmente grave, mesmo que os autores do documento admitam que muitas situações não são reportadas.
Uma situação ignorante e sobretudo criminosa como o antissemitismo só pode merecer o mais profundo repúdio, sobretudo quando as consequências de tais sentimentos e ações enchem as páginas mais negras dos livros de história. Aliás, os resultados do estudo foram divulgados no mesmo dia em que se assinalou o 83.º aniversário da Noite de Cristal, que marcou o início da perseguição nazi aos judeus, na Alemanha.
Apesar de muitos dados estarem por apurar, a verdade é que não existe um número considerável de casos em Portugal (com exceção de um caso no Porto em abril deste ano) e isso mostra-me que o Portugal de 2021 é feito por uma maioria de pessoas tolerantes, informadas e respeitadoras da diversidade. É essa mensagem que me passa a crescente comunidade judaica em Portugal, que se diz bem-vinda e bem acolhida, mostrando que o erro histórico da expulsão dos judeus do país é reparado dia após dia. Resta-me esperar que o exemplo português (não sou inocente ao ponto de escrever que não existirão casos por conhecer de discriminação) se espalhe por toda a Europa.
No que toca ao antissemitismo e à convivência com a comunidade judaica, Portugal pode ser um caso de estudo para o resto da Europa, em termos de tolerância e aceitação.
Presidente da Associação Judaica Over the Rainbow Portugal