Portugal defende plataformas de desembarque "do lado de cá ou do lado de lá" do Mediterrâneo
O primeiro-ministro português falava à entrada para a reunião do Conselho Europeu, em que se discutem estratégias para fazer essa gestão dos migrantes e dos refugiados. Em cima da mesa está a proposta para a criação das chamadas plataformas regionais de desembarque, desde já apoiada pelo governo de Portugal, desde que coordenada com entidades relevantes na área.
"Não é aceitável que não trabalhemos com o ACNUR [e] com a OIM, tendo em vista encontrar plataformas do lado de cá ou do lado de lá do Mediterrâneo, que permitam a existência de esses canais legais e seguros, para que possamos cumprir a nossa obrigação de acolher todos aqueles que carecem de proteção", defendeu.
A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu igualmente a colaboração do Alto Comissariado para as Nações Unidas e da Organização Internacional das Migrações. Esta manhã, antes de viajar para Bruxelas considerou que a "Europa enfrenta muitos desafios, mas a questão das migrações pode decidir o destino da União Europeia".
As posições estão de tal forma extremadas que as expectativas para um acordo, sobre o funcionamento destas plataformas, a par do reforço da solidariedade europeia são muito baixas. Um dos exemplos emblemáticos desse estado de crispação à volta da mesa foi manifestado pelo chefe do governo húngaro. Viktor Orbán considera que "é o momento certo para lançar um novo período, para tentar reconstruir a democracia europeia", considerando que tal passa por "expulsar a invasão".
"Espero que avancemos agora no sentido de construirmos a democracia europeia. E esperemos que avancemos agora na direção da reconstrução da Europa e da democracia e, finalmente fazermos aquilo que as pessoas nos pedem. E, penso que as pessoas nos pedem duas coisas, que são não haja mais entradas - então, que sejam travados -, e a segunda é [para que] esses que já cá estão devem ser enviados de volta".
Talvez seja perante este tipo de posições mais duras, que já existiam, mas agora reforçadas, com a atuação do novo governo italiano, que o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, alertou para importância de ver aprovada a proposta que trouxe para a discussão, de outro modo a Europa poderá assistir a "um encerramento caótico de fronteiras".
O presidente Francês, Emmanuel Macron, reconheceu que "há muito trabalho para fazer", incluindo o de convencer "o grupo de Visegrado". No entanto, manifestou-se confiante num acordo.
"Penso que o interesse fundamental de todos os membros europeus é que nenhuma opção é nacionalista e não cooperativa", afirmou, criticando indiretamente os líderes do grupo anti-migração. Macron apoia uma solução muito semelhante à defendida por António Costa "baseada na cooperação, em relação a países terceiros, para proteger as nossas fronteiras e para ter mais solidariedade entre os Estados membros".
Em Bruxelas