Portugal com vários aspirantes a medalhas no Europeu de judo

Rochele Nunes e Jorge Fonseca são à partida as maiores esperanças na prova que começa amanhã. Além das medalhas, objetivo passa por ganhar pontos com vista a Paris2024.
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Portugal começa esta sexta-feira a competir nos Europeus de judo com os olhos postos em medalhas e nos apuramentos olímpicos para Paris 2024, através da conquista de pontos para o ranking. Entre os eleitos estão vários atletas com legítimas aspirações, entre eles Rochele Nunes, Jorge Fonseca, Bárbara Timo, Patrícia Sampaio, Catarina Costa e Telma Monteiro, esta última vencedora de 15 do total de 39 medalhas portuguesas ganhas nesta competição.

"É uma equipa heterogénea na sua experiência. Acima de tudo, o primeiro ponto é tentarmos pontuar naquilo que é o objetivo máximo, os Jogos Olímpicos. Depois, em relação ao Europeu, temos aqui atletas que são competitivas, que podem, qualquer uma delas, num dia bom, conseguir avançar no seu quadro e estar perto dos locais de disputa de medalhas", perspetivou Marco Morais, selecionador feminino de judo, em declarações à agência Lusa.

Telma Monteiro chega a esta prova com o recorde de judoca feminina com mais medalhas em Europeus (15, seis de ouro, duas de prata e sete de bronze), ela que aos 37 anos está em lugar de apuramento olímpico. "Se lhe derem a oportunidade de certeza absoluta que ela irá agarrá-la com unhas e dentes, porque é uma das atletas mais competitivas que alguma vez eu vi. Nunca a vi a arrastar-se num tapete, e acho que a sua participação será da mesma forma que se calhar foi a sua primeira, em termos de ambição", disse o treinador.

Igualmente aspirante a uma medalha é Rochele Nunes, que vai estar presente no seu quarto Europeu e que recentemente deixou boas indicações ao conquistar o ouro no Grand Slam de Abu Dhabi. "Por estar numa boa fase, acho que tenho total confiança de ser campeã da Europa. Só basta estar num dia bom. Tenho competido muito mais tranquilamente, e essa confiança dos resultados não vejo como lado negativo, não vejo como pressão, muito pelo contrário, vejo-me como favorita a algo muito positivo,", disse à Lusa a atleta do Benfica, que nasceu em Pelotas, no Brasil.

Morais reconhece que a Patrícia Sampaio, apesar de medalhas em Grand Prix e Grand Slam, falta o pódio em grandes eventos, mas para isso é preciso que a judoca esteja bem no capítulo das lesões, que têm sido as suas maiores adversárias.

Já para Pedro Soares, selecionador masculino, os objetivos deste Europeu são mais amplos do que a competição continental. "Tivemos Abu Dhabi há pouco menos de uma semana e vamos já disputar um Europeu, que deveria ser das provas mais importantes do calendário deste ano, mas a busca do apuramento olímpico retira-lhe esse peso e não o torna um dos grandes objetivos da época", assinalou o técnico.

O treinador lembrou que um título europeu atribui 700 pontos na qualificação olímpica, já a contar a 100%, mas que um Grand Slam, e quando existem muitos no circuito, equivale a 1000 pontos, em caso de vitória. Um cenário que obriga os judocas masculinos lusos - apenas Jorge Fonseca e João Fernando, este último na vaga continental, estão em zona elegível para Paris2024 - a correrem atrás dos pontos, que lhes permitam subir no ranking.

"Portanto, nós temos aqui que fazer opções e a opção, como é evidente, é classificar-nos bem para os Jogos Olímpicos", justificou Pedro Soares, acrescentando que os atletas têm noção disso.

Em Montpellier, com cinco judocas masculinos - João Fernando, Jorge Fonseca, mais Rodrigo Lopes (-60 kg), Thelmo Gomes (-73 kg) e Anri Egutidze (-81 kg) -, o selecionador entende ter um grupo em patamares diversos: "É uma seleção heterogénea porque tem atletas mais novos, outros mais velhos, alguns que estão em melhor momento de forma que outros. E vive também muito da possibilidade do sorteio nos permitir andar mais para a frente ou não."

Os Europeus decorrem entre amanhã e domingo na Sud de France Arena, em Montpellier, com o primeiro dia dedicado às categorias mais leves, com Catarina Costa, Raquel Brito, Maria Siderot, Joana Diogo, Telma Monteiro e Rodrigo Lopes, o segundo para as intermédias, com Bárbara Timo, Joana Crisóstomo, Thelmo Gomes, Anri Egutidze e João Fernando, e o último das mais pesadas, com Patrícia Sampaio, Rochele Nunes e Jorge Fonseca.

Além de Telma Monteiro, Catarina Costa (uma prata, 2022), Rochele Nunes (dois bronzes, 2020 e 2021), Bárbara Timo (um bronze, 2021) e Jorge Fonseca (um bronze, 2020) são únicos portugueses presentes na prova que têm a experiência de medalhas em Europeus.

nuno.fernandes@dn.pt

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