Portugal 2020 lança torre flutuante no Tejo e dezenas de fábricas por todo o país
O projeto ainda aguarda licenciamento, mas o financiamento por fundos europeus está assegurado e pode mudar a frente ribeirinha de Lisboa. A Lisbon Floating Tower é um novo projeto de animação turística para a capital que promete ser diferente de tudo o que já existe. Será uma estrutura com capacidade de navegação, embora não seja uma embarcação, e pretende potenciar o património histórico, gastronómico e paisagístico da cidade, atraindo mais turistas para Lisboa. Vai custar 25 milhões de euros - cerca de um quinto financiado por programas de Bruxelas.
A Lisbon Floating Tower - que tem como principal promotor o empresário Carlos Martins, também chairman do grupo Martifer - foi um dos grandes projetos privados que no ano passado conseguiu a alavanca do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, o Feder, no quadro do Portugal 2020. Até ao final de dezembro, o programa cobria um investimento total elegível superior a 23 mil milhões de euros. Mais de 3,3 mil milhões dizem respeito a projetos com início no ano passado e conclusão prevista até 2022. Os 20 maiores investimentos privados, todos acima de 10 milhões de euros, somam uma aposta total que toca os 388 milhões - 191 milhões provenientes dos fundos europeus.
O turismo, cujo dinamismo tem até aqui ampliado as vendas nacionais e o PIB, é também um dos setores mais dinâmicos na hora de captar financiamento. Além da nova estrutura que vai nascer no Tejo, o Portugal 2020 acolhe três hotéis, no Porto e nos Açores. Os planos da cadeia hoteleira algarvia Conforhoteis para abrir um hotel de cinco estrelas a norte, no centro do Porto, obtiveram da União Europeia um impulso de 5,5 milhões de euros - metade do investimento próximo dos 11 milhões. O Oporto Story Hotel tem, na candidatura a financiamento, conclusão prevista para janeiro de 2020.
Também o alojamento dos Açores vai ganhar capacidade com recurso aos financiamentos para coesão. A Let's Sea Azores avança 4,5 milhões de euros e a Europa outros 6,3 milhões para lançar um hotel do grupo Hilton, de quatro estrelas, e apostar no turismo de saúde em Lagoa. Já do lado norte da ilha de São Miguel vai surgir o Hotel Verde Mar & SPA, do grupo Açorsonho, à procura de público semelhante. Vai custar 16,2 milhões de euros - cerca de 7,3 milhões pagos com fundos europeus.
Entre os maiores investimentos apoiados, o turismo leva a fatia grande de fundos. Mas, isoladamente, há um investimento estrangeiro que lidera no ranking dos grandes projetos com suporte da União Europeia. A sul-coreana Hanon Systems, que há mais de 20 anos se estabeleceu em Portugal na produção de componentes automóveis, foi o maior investimento produtivo de origem externa no ano passado em Portugal - mais de 48 milhões de euros para uma nova fábrica de compressores elétricos. Destes, também 12 milhões partem do Feder.
O segundo maior investimento financiado no Portugal 2020 é um projeto de uma empresa norte-americana no Porto. O projeto Alchemy, da Amyris Bio Products com a Universidade do Porto, vale 25 milhões de euros e, destes, 16 milhões de euros são fundos europeus. Consiste na criação de um centro de excelência nas áreas de microbiologia genética e engenharia metabólica para apoiar as indústrias. Espera-se que fique concluído no final de 2022.
Na energia, também vão nascer novas indústrias. A MCL quer lançar até 2020 uma fábrica de painéis fotovoltaicos para exportação em Oliveira de Frades. O investimento elegível na programação dos fundos europeus é de cerca de 25 milhões de euros, 15 milhões dos quais com origem nos quadros comunitários. A Esurface, outra das empresas no 2020, vai estar na mesma cadeia de valor. Investe 22 milhões de euros - 15,4 milhões europeus - para fabricar em Vouzela, junto a Viseu, transformadores elétricos para a produção de painéis solares. Outro dos destaques é ainda um investimento da espanhola Inkemia, através da Inedite Neptune, numa biorrefinaria na Zona Industrial e Logística de Sines. São 23,5 milhões - metade apoio da UE.
A criação de novas unidades industriais representa largas dezenas de milhões de euros de investimentos, parte deles, 43 milhões, dedicados à transformação florestal. Do tradicional setor do papel, a Navigator investe 13 milhões, com nove milhões europeus, na criação de novos produtos a partir do eucalipto; e a Fapajal Evo (Fábrica de Papel Tojal) cria uma unidade em Loures para produção de bobinas de papel para exportação (12,6 milhões de euros com apoios de cinco milhões). No fabrico de pellets investem também a Kronodefine, da Guarda, e a Delitimbers - esta última, prometendo incorporar biomassa florestal residual.
Na lista dos 20 principais financiamentos no 2020 com arranque no último ano, há ainda novas fábricas para produção de farmacêuticos injetáveis (Arruda dos Vinhos), de veículos todo-o-terreno (Abrantes), de boias de salvamento aquático (Torres Vedras), de carvão ativado (Mira), de processamento de fruta (Beja), e de paredes prefabricadas (Açores) - cada um deles um investimento superior a dez milhões de euros a realizar até 2020.