Porsche Taycan Sport Turismo. Uma questão de estilo
O Sport Turismo é a versão "shooting brake" do elétrico Porsche Taycan e acrescenta duas vantagens face à berlina. Uma é a mala que sobe dos 407 aos 446 litros, mais os 84 litros do "frunk". A outra é a maior altura das portas traseiras que facilita o acesso aos lugares de trás.
Na frente, há um ambiente muito digital, com o painel de instrumentos (a replicar o tradicional da marca), o ecrã do infotainment, outro ecrã tátil para a climatização e o quarto ecrã tátil opcional, em frente ao passageiro da frente, com duplicação de algumas funções. A posição de condução é quase tão baixa como num 911. Pernas esticadas, volante com muita amplitude de regulação e bancos com bom apoio lateral. A visibilidade para trás é melhor que na berlina.
Esta versão que testei é a menos potente, tem só um motor elétrico atrás, mas mantém a caixa automática de duas velocidades para atingir os 230 km/h. Tem um opcional fundamental, a bateria Performance Plus que sobe a capacidade de 79,2 kWh para os 93,4 kWh. Isto permite aumentar a autonomia anunciada de um intervalo entre 358 a 433 km, para um mais acima, entre 417 e 491 km. E ainda permite extrair mais potência do motor elétrico. Em vez dos 326 cv nominais, sobe aos 380 cv. Em "Launch Control" sobe dos 408 cv aos 476 cv. O binário máximo anunciado cresce dos 345 para os 357 Nm. A aceleração 0-100 km/h demora 5,4 segundos e um arranque numa estrada deserta mostrou-me como isso impressiona.
Críticas para a ergonomia dos botões táteis do painel de instrumentos, que ficam tapados pelo volante tal como o interruptor da transmissão. O volante tem um botão rotativo para os modos de condução e outro para a intensidade da regeneração que tem dois níveis e um automático, variável de acordo com o trânsito e a estrada. Nenhum é muito intenso.
Com 4,96 metros, os mesmo da berlina, o Sport Turismo não é um carro pequeno, mas a maior dificuldade é a largura de 1,97 metros, que só não é pior porque a direção às rodas traseiras ajuda nas manobras. Este Sport Turismo tinha também os opcionais suspensão pneumática e amortecedores adaptativos, beneficiando muito o conforto.
Mesmo em modo Range, que diminui a resposta do acelerador e está limitado a 140 km/h, o andamento em cidade é mais que suficiente. No meu teste de consumos em cidade, obtive um valor de 23,3 kWh/100 km o que, fazendo as contas à capacidade útil da bateria de 83,7 kWh, resulta numa autonomia real em cidade de 359 km. Em autoestrada, a 120 km/h com A/C desligado, o consumo foi de 22,8 kWh/100 km, equivalente a uma autonomia real de 367 km. São valores que mostram o trabalho que a Porsche ainda precisa de fazer em termos de eficiência. O peso de 2160 kg também não ajuda.
A condução em autoestrada é muito estável, devido ao baixo Centro de Gravidade, que controla muito bem os movimentos sobre bossas ou depressões do pavimento. Os ruídos de motor, rolamento e aerodinâmicos são baixos. No final, fiz uma passagem numa estrada secundária sem trânsito para ver se os genes da Porsche estão neste Sport Turismo. Passei ao modo Sport Plus e desliguei o ESC. A não ser em Launch Control, a potência nominal é de 380 cv. A aceleração entre curvas é boa, sem ser estonteante, mas o que agrada é a precisão e rapidez da direção. Os pneus Michelin Pilot Sport 4 em jantes de 20", mais largos atrás que à frente, dão mais aderência do que a potência necessita, mas nos elétricos há que contar com a elevada massa.
A maneira como a suspensão mantém a carroçaria quase sem inclinações é uma ajuda preciosa para assegurar uma atitude neutra ao descrever curvas mais rápidas. Os travões suportam tudo sem reclamações e com um tato do pedal que dá confiança. Com tração apenas às rodas traseiras e binário disponível ao mais pequeno movimento do pé direito, colocar o Sport Turismo numa atitude sobreviradora é muito fácil e divertido, mas exige experiência neste tipo de condução.
Neste Sport Turismo, a Porsche volta a mostrar como o seu Taycan sabe ser um elétrico verdadeiramente desportivo, acrescentando nesta versão uma dose de versatilidade e estilo. O sistema elétrico de 800 Volt, que permite carregar a bateria a 270 kW, é uma vantagem face a muitos concorrentes, mas a eficiência precisa de melhorar, para fazer descer os consumos e subir a autonomia.
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Porsche Taycan Sport Turismo Performance Plus
Motor: Elétrico de ímanes permanentes, traseiro.
Bateria de 93,4 kWh (83,7 kWh, úteis).
Potência máxima: 476 cv.
Binário máximo: 357 Nm.
Tração: traseira.
Aceleração 0-100 km/h: 5,4 s.
Velocidade máxima: 230 km/h.
Consumo combinado: 21,7 kWh/100 km.
Autonomia combinado WLTP: 478 km.
Tempo de carga: 1h33 (5 a 80% em DC a 50 kW).
Bagageira: 446 + 84 litros.
Peso: 2160 kg.
Preço: 104 304 euros (unidade testada)