Porque é tão importante a vacinação?

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Na Semana Europeia da Vacinação, que se assinala entre os dias 24 e 30 de abril, devemos sublinhar que a vacina é uma forma simples, inteligente, segura, eficaz e muito barata de proteger as pessoas. Proteja-se a si e aos seus, protegendo também os outros

Em 1967, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um plano mundial intensificado de apoio à vacinação contra a varíola. Esta campanha culminou no grande sucesso de erradicação desta doença em 1980. O Plano Nacional de Vacinação (PNV) em Portugal iniciou-se em 1965, sendo universal, gratuito e com as vacinas administradas por enfermeiros qualificados. A nossa taxa de vacinação é das melhores do mundo, uma vez que ronda os 97% da população.

A atual situação de pandemia não deve atrasar a vacinação, antes pelo contrário, deve mesmo ser intensificada, para manter a nossa população protegida. O medo da covid-19 não se pode sobrepor à necessidade de administração de vacinas. As unidades de saúde estão preparadas, com a aplicação de medidas de segurança.

A vacinação é uma forma simples, inteligente, segura, eficaz e muito barata de proteger as pessoas de diferentes doenças causadoras de elevada mortalidade e sequelas muito significativas.

É importante sublinhar que a vacina é um estímulo introduzido no nosso organismo, de várias formas - injetável, aerossol ou oral - levando-o a produzir defesas que, em futuros contactos com microrganismos produtores de doença, os vai identificar de imediato como "inimigos", inibindo a sua multiplicação e destruindo-os de imediato.

Quando uma elevada percentagem da população está vacinada - este valor é diferente, dependendo do tipo de agente e da sua contagiosidade - atingimos a chamada imunidade de grupo. Isto significa que a circulação das bactérias ou vírus entre pessoas torna-se muito difícil por "esbarrar" em indivíduos vacinados. A vacina não só protege o próprio como representa um ato de solidariedade.

A propósito da Semana Europeia da Vacinação, que se assinala entre os dias 24 e 30 de abril, importa reforçar a necessidade de dar continuidade ao calendário: o primeiro ano de vida é uma altura crucial para receber a grande maioria das vacinas.

A primeira vacina do PNV à nascença é a primeira dose contra a hepatite B. Aos 12 meses de idade ficam completas as primeiras doses para 12 das 13 doenças abrangidas pelo nosso plano nacional. Aos 10 anos de idade, com a HPV, completa-se o esquema recomendado das 13 vacinas. Posteriormente, recomendam-se os reforços contra o tétano e a difteria, aos 10, 25, 45, 65 anos de idade e, posteriormente, de 10 em 10 anos.

Para além destas vacinas do PNV há outras - como a da "meningite" A, W, Y, a da hepatite A, contra a varicela, o rotavírus e a febre-amarela. Por isso mesmo, aconselho que todos se informem junto dos seus médicos, tendo em conta que algumas estão dependentes da idade da criança.

São muito raros os efeitos adversos, mas continuam a ser muitas vezes adiadas vacinas por falsas contraindicações, como sejam reações locais a uma dose anterior, doença ligeira aguda, terapêutica antibiótica concomitante, entre outras.

Não adie a vacinação. Se deixou passar um momento de vacinação, assim que possível dirija-se a um centro de vacinação para regularizar o calendário.
A vacina protege e salva muitas vidas. Proteja-se a si e aos seus, protegendo também os outros.

Coordenador do Centro da Criança e do Adolescente no Hospital CUF Porto

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