Por uma maior equidade em ganhos de saúde
O relatório do primeiro Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico, publicado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, revelou diferenças de estado de saúde da população entre as diferentes regiões.
O Plano Nacional de Saúde pugna por estratégias e atividades que permitam uma melhoria do estado de saúde da população de forma justa.
No presente relatório a prevalência padronizada de diabetes foi de 7,7% para a região do Algarve, de 8,3% para a região Centro, de 9,8% para a Norte, de 10,5% para a região de Lisboa e Vale do Tejo, de 10,7% para a região Alentejo. Dados elevados são apontados para a RA Madeira e da RA Açores, de 10,1% e de 11,9%, respetivamente. Isto é, uma pessoa que resida no Alentejo comparativamente a uma pessoa residente no Algarve tem três pontos percentuais de diferença, um valor muito significativo. Já para a hipertensão arterial os resultados do estudo não permitem confirmar que há diferença entre as regiões da parte continental do país.
No entanto, em relação ao colesterol total elevado (> 190 mg/dl), o mesmo se passa em termos de diferenças, sendo o valor menor de prevalência de 57,8% para a região de Lisboa e Vale do Tejo e a maior para a região Centro com o valor de 73,8%. Isto é, o residente na região Centro tem uma maior probabilidade de ter um colesterol total elevado em relação aos residentes na Região de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo de cerca de 23%. A diferença entre regiões é ainda reportada em relação à obesidade.
O Plano Nacional de Saúde tem como eixo estratégico a medida de equidade que é operacionalizada com a melhoria dos indicadores globais da saúde da população, valorizando a redução de diferença entre as diferentes populações, leia-se regiões.
Estes estudos ajudam a identificar as desigualdades e a planear estratégias de melhoria do estado de saúde nas regiões com indicadores menos favoráveis. Portanto, fica claro que em relação à diabetes o esforço dos recursos deverão estar mais atribuídos ao Alentejo e a Lisboa e Vale do Tejo, e o Programa Nacional de Diabetes está atento a este facto. O mesmo será necessário em relação ao Programa Nacional de Doenças Cerebrovasculares em relação aos níveis de colesterol total como também ao Programa Nacional de Promoção de Alimentação Saudável e ao Programa Nacional de Atividade Física.
Uma população saudável é uma população que tem oportunidade de atingir os melhores níveis de saúde. Neste caso, e na leitura que fazemos deste estudo, é necessário reforçar os programas nas regiões de saúde onde os indicadores são menos favoráveis.
Diretor Executivo do Plano Nacional de Saúde