Por uma frente dos países fragilizados
Há um aspecto no funcionamento dos mercados que escapa à lógica capitalista. Nesta, os investimentos são sempre lançados correndo riscos ( má gestão, concorrência, crises, guerras). Se estes factores actuam, o investidor é penalizado. Ora, os bancos que fazem o empréstimo deviam trabalhar com taxas de juro acordadas com o investidor e daí para a frente corriam as duas partes o risco.
O que não parece justo é que haja umas "agências de rating" que vão pesando o estado de saúde do País, em parte subjectivamente, e atirando-nos os seus níveis classificativos e os empréstimos contraídos pelos investidores ficam sujeitos ao efeito dessas cotações (...).
Os bancos não querem correr riscos e ganham sempre, apoiando-se nas tais cotações. Daí os seus elevados lucros em tempo de crise, o que é escandaloso. Se um país está em dificuldade e precisa de ser ajudado, ele vê afinal a sua situação piorar ainda mais. Porque não se organiza uma frente dos países fragilizados para discussão do problema na UE?
Pôr a nu as dificuldades geradas pela DPBC (dívida pública do bloco central), pôr a nu a sujidade bicolor do nepotismo das duas elites pode indiciar que uma liberalização intemperada do nudismo se estenda de certas praias ao Chiado e às Avenidas Novas. Que essa possibilidade se avizinha, lá isso avizinha-se. Não é verdade que os "famosos" compram agora menos roupa "por causa da crise"? O quadro em perspectiva poderia ser o seguinte: como a crise promete estender-se até 2020, os "famosos" chegarão a andar esfarrapados ou mesmo nus em plena Baixa Pombalina. Teremos multidões de esfarrapados e nudistas, porque o número de "famosos" tem vindo a aumentar como enxurrada imparável. Calculo que tenhamos, hoje, mais "escritores", "apresentadores" e bertoldos televisivos que mulheres e crianças violadas. Pobres, desempregados e "caloteiros" à força já andam por aí, praticamente, em tronco nu. Os despedimentos geram pobreza e muita gente se despe, se desnuda de "preconceitos" e mexe-remexe nos contentores. Nuamente, sejamos solidários: a "malta" vai passar a comer menos para ajudar a vestir os "famosos".
A "dama de ferro portuguesa", como é conhecida Manuela Ferreira Leite, "dançou muito bem o tango" com o primeiro-ministro, Jose Sócrates! Foi impressionante ver no segundo dia do debate do OE, o primeiro-ministro, todos os seu ministros, todos os deputados da extrema-esquerda à direita e toda a assistência que se encontrava nas galerias, num profundo silêncio às sábias palavras da ex-líder da oposição. No final, aplaudida por todos, foi de registar Sócrates a sorrir, como quem diz "esta sim, sabe dançar o tango"... Foi pena que o povo não lhe tivesse dado o seu voto, aquando das últimas legislativas. Foi pena porque, a esta hora, Portugal não se encontraria na situação difícil em que se encontra, e se encontrará nos próximos tempos.
A lei que impede a acumulação da reforma com o exercício remunerado do trabalho é daquelas que, parecendo bem-intencionada, é contraproducente.
O assunto não me toca pessoalmente, mas entendo que se uma pessoa, embora reformada, se sente com capacidade para, e quer, exercer uma tarefa de interesse pessoal e para a sociedade, deve ser compensada financeiramente por isso. Trabalhar sob escrutínio, com regras, horários, não é a mesma coisa que escrever uma nota para o jornal. Tal lei soa, por isso, como mais um desincentivo ao envelhecimento activo.Claro que haverá sempre quem continue a correr por gosto. É o que vale.