População quer queixar-se a Belmiro dos novos preços do 'ferry'

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"É um aumento brutal que vai afastar, ainda mais, as pessoas de Tróia." A reacção indignada parte de Ricardo Martinez, presidente da Associação de Moradores Viver Tróia, face ao novo tarifário da travessia fluvial entre Setúbal e aquela península, que entra em vigor dia 15. O preço por viatura passa de 9,60 euros para 11, enquanto o bilhete por passageiro sobe de dois para o 2,50 euros. O passe mensal cresce de 40 para 60 euros.

Enquanto do lado de Setúbal o gabinete da presidência da autarquia se limita a dizer que a subida de preços "não serve os interesses da população do concelho", os moradores de Tróia querem ser ouvidos pela Sonae, proprietária da Atlantic Ferries - a concessionária da travessia do Sado - garantindo que, se for preciso, tencionam chegar a Belmiro de Azevedo.

"Já tentámos falar com a Sonae sobre vários temas, mas quando não querem falar de algum tema vão passando de uns para os outros. Agora, este assunto vai limitar muito o acesso e reduzir o interesse das pessoas por Tróia, pelo que merece outro tratamento", avisa Ricardo Martinez, um dos moradores que tencionam deixar de utilizar os ferries e os catamarãs, alegando que sai mais barato deslocar-se a Setúbal de carro, mesmo percorrendo 90 quilómetros.

O dirigente garante ainda que a península "não pode ser auto-suficiente apenas no Verão e estar vazia o resto do ano." Só nesta primeira fase, Tróia representou um investimento de 320 milhões de euros, dos grupos Sonae e Amorim, para se assumir como novo destino turístico, devendo, em velocidade de cruzeiro, chegar a um total de 32 mil camas, distribuídas por hotéis e apartamentos de luxo, apoiados por golfe, casino e marina.

O problema, alerta Martinez, "é que até a loja das bicicletas e a papelaria já fecharam por falta de clientes, porque ninguém aqui vem. Se estão à espera de que o casino - que abriu ontem - vá chamar muita gente, estão enganados".

Contactada pelo DN, a Sonae justifica os aumentos com os prejuízos de 5,7 milhões de euros acumulados com os dois ferries e dois catamarãs desde que explora a travessia do Sado, em Outubro de 2007. A empresa alega encontrar-se numa situação "altamente deficitária", devido ao aumento dos combustíveis, que representam 21% dos custos totais, e "ao atraso no arranque dos projectos turísticos previstos para a região."

Os projectos prometiam dinamizar o Litoral Alentejano, levando a Sonae a contar com um número de passageiros que está longe de se confirmar.

A Atlantic Ferries recorda que presta um serviço público sem contar com nenhum apoio financeiro do Estado, "como sucede com outras empresas que asseguram serviços semelhantes". Além disso, refere a empresa, o contrato de concessão prevê a entrega anual de 150 mil euros à Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, acrescidos de 2% sobre as receitas, o que equivale a um valor anual da ordem dos 230 mil euros.

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