População prefere residir nas localidades periféricas e deixa grandes cidades
O responsável pelo gabinete do Censos 2011 do Instituto Nacional de Estatística (INE), Fernando Casimiro, disse hoje que "as capitais de distrito perdem população para os municípios próximos". Fernando Casimiro, que falava aos jornalistas à margem da apresentação dos resultados preliminares do Censos 2011, apontou que o crescimento registado nas áreas metropolitanas é suportado pelas localidades periféricas. Também a presidente do INE, Alda Carvalho, referiu à agência Lusa ter ficando algo surpreendida com o crescimento da região de Lisboa, mas acrescentou uma possível explicação: o desenvolvimento das vias de comunicação, como a nova ponte sobre o Tejo, facilita a deslocação para o trabalho a partir de localidades limítrofes.
Entre 2001 e 2011, as capitais das duas áreas metropolitanas continuam a perder população, tal como já tinha acontecido na década anterior. O decréscimo de residentes verificado no Porto atinge 9,4 por cento, quase o triplo da quebra registada em Lisboa (3,4 por cento). Em 2001, o Porto tinha perdido 13 por cento da população e Lisboa 16 por cento. Na Área Metropolitana do Porto, não é só a maior cidade que perde população. O mesmo acontece a outros municípios, como Vale de Cambra (menos 7,8 por cento), Arouca (7,7 por cento) ou Espinho (5,7 por cento). Com tendência contrária, a "sustentar" o crescimento da região com subidas de população superiores a cinco por cento, estão Maia (12,4 por cento), Valongo (nove por cento) e Vila do Conde (6,7 por cento).
Já na Área Metropolitana de Lisboa, além da capital, as perdas de população são "residuais", abaixo de dois por cento, e localizam-se somente na Amadora e Moita. Mafra lidera a lista das cidades da região de Lisboa com subidas superiores a 20 por cento, ao aumentar o número de residentes em 41,2 por cento, num movimento em que é acompanhada por Alcochete (35 por cento), Montijo (31 por cento), Sesimbra (30,9 por cento) e Cascais (20,2 por cento). Com um crescimento mais moderado, embora superior a cinco por cento, estão Palmela (17,2 por cento), Vila Franca de Xira (11,1 por cento), Almada (7,8 por cento), Odivelas (7,4 por cento), Oeiras (6,1 por cento), Setúbal (seis por cento) e Seixal (5,1 por cento).
Por outro lado, a concentração da população no litoral e o decréscimo de residentes no interior segue em simultâneo com outra tendência: o crescimento de algumas cidades "de dentro do país". "Muitas cidades de pequena e média dimensão continuam a crescer, com um efeito atrativo", referiu Fernando Casimiro.