As Scut e a revolta no NorteEstação do metro do RatoAs contas com o passadoAinda os feriados/pontes
Que os portugueses têm de pagar em duplicado o uso das Scut é algo que lhes está pegado à pele, de tal modo que (...) não se livram da peçonha. Assumido este axioma, os políticos fariam bem em considerar algumas regras de bom senso para que os seus objectivos sejam realizados, evitando pôr à prova a capacidade de resistência dos cidadãos, privilegiando dar atenção aos alertas de representantes das populações, no entendimento de que transmitem estados de espírito que, uma vez concretizados, já não haverá tempo para quaisquer recuos.
Seria boa estratégia que este sério problema fosse resolvido com as seguintes medidas: a) Todas as AE ficam sujeitas a portagem; b) A taxa/km, inicialmente, não será superior à mais baixa que actualmente exista; c) Anualmente serão feitos aumentos, no máximo 100% acima da inflação; d) Para controlo da utilização e cobrança dos preços, manter-se-ão os sistemas actuais ou outros que não impliquem o controlo da vida dos cidadãos.
Foi publicada a minha carta, neste espaço, no dia 14 de Maio último, relacionada com a paragem do elevador do Metro do Largo do Rato. Porque tal situação se manteve, foi publicada uma nova carta, também neste espaço, no dia 25 do mesmo mês. Por motivos de saúde, só hoje [ontem], dia 23 de Junho, voltei novamente a utilizar a referida estação de metro - e fiquei perplexo, porque não sabia, pensava que a avaria já estava reparada, quando li, novamente "isto": "Este elevador está fora de serviço, por motivos técnicos. Agradecemos a sua compreensão pelo incómodo causado. É evidente que perguntei à senhora da bilheteira qual a razão por que tal situação se mantinha há perto de 45 dias, e obtive esta "simpática" resposta: "Olhe escreva para o Metro." Bom, como escrevia na minha última carta (a de 25 de Maio) o senhor António Mendonça, ministro das Obras Públicas e Comunicações, tem as suas 24 horas ocupadas, desde os TGV às pontes, e agora às Scut... e obviamente era só o que faltava era um ministro ter um dossier com o elevador do Rato, mas lá que a administração do Metro de Lisboa precisava de um "puxão de orelhas", lá isso precisava. É fazer pouco dos passageiros, é relaxe, é incompetência, no fundo é uma vergonha.
É nos tempos de crise que vêm à memória colectiva e se responsabilizam as políticas do passado, condenando-se o que se não fez, ou se fez mal, e se sabe, agora, à distância, como se devia ter feito e não se fez. Com a agravante de se tratar de um tempo de largos recursos, onde as ajudas da CE corriam como o leite e o mel, com o fim de Portugal se aproximar económica e culturalmente dos outras parceiros.
Agora, toda a gente sabe como e onde se errou, mas esse tempo é irreversível e não aproveita chorar sobre o leite derramado.
O que é preciso é que todos, mas todos, se disponham a contribuir para a resolução da crise. Só que, com este Governo falsamente optimista, tão tímido na adopção de medidas e tão desfasado da realidade, receia-se que, no fim, fiquemos na mesma ou pior.
Cabe aos portugueses e aos políticos mais com medidas de ataque à crise, do que de defesa dos interesses instalados, evitar que tal aconteça.
Muito se tem dito e escrito sobre a possibilidade de alteração dos feriados nacionais colando-os ao fim-de-semana mais próximo como forma de evitar as pontes e assim contribuir para a produtividade das nossas empresas.
É um facto que quanto mais se trabalhar mais se produz (já o mesmo não se dirá da qualidade), mas o problema da nossa falta de produtividade, não é o número de feriados nacionais. Mantenham-se os feriados que, de facto, se justifiquem para comemorar algo de âmbito nacional e não para as pessoas irem para as praias. A população tem de perceber que não tem qualquer direito às chamadas pontes e que quem as quiser fazer pode sempre utilizar dias das suas férias(...).