Polo norte magnético está a deslocar-se muito depressa para a Sibéria

Deriva do norte magnético está a acelerar desde a década de 1990 e caminha agora à velocidade de 55 Km por ano. Modelo magnético global, que é utilizado na navegação, e que foi publicado em 2015, já teve de ser atualizado
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O polo norte magnético, aquele ponto no topo norte do globo terrestre para o qual apontam sempre as bússolas, está em deriva rápida, do Ártico canadiano para a Sibéria, mas os cientistas não conseguem explicar porquê.

Os geólogos sabem que a alteração está relacionada com os movimentos que ocorrem no núcleo de ferro líquido que existe no interior do planeta, no entanto, o que está a acontecer exatamente para que as coisas se passem desta forma é uma incógnita.

Se a questão fosse apenas esta, já seria suficientemente interessante, mas este não é um problema exclusivamente científico. Na prática, esta deriva e a sua determinação exata têm implicações para toda a navegação, da aviação aos transportes marítimos, ou à simples busca de uma localização com um smartphone, uma vez que para achar uma determinada direção é preciso fazer a compensação da declinação magnética - aquele movimento simples de ajustar o Norte com a agulha da bússola.

Para garantir que a determinação das direções mantém uma grande precisão, algo essencial para todas as atividades de navegação, os cientistas desenvolveram modelos globais que permitem determinar a declinação magnética e fazer os cálculos de compensação. Um desses modelos é o World Magnetic Model (ou, Modelo Magnético Mundial), cuja última versão foi publicada em 2015, e que deveria manter-se atualizada até 2020. Isso, no entanto, não aconteceu.

A deslocação do polo norte magnético tem vindo a acelerar nas últimas décadas: passou de uma velocidade de 15 quilómetros por ano, em meados do século XX, para 55 km anuais atualmente. "O erro está sempre a aumentar", adiantou à Nature Arnaud Chulliat, especialista em geomagnetismo da Universidade de Colorado Boulder e da NOOA, a Administração Nacional do Oceano e da Atmosfera, dos Estados Unidos.

Para acompanhar a velocidade da deslocação, o modelo teve por isso de ser atualizado antes do final da década. A publicação do modelo atualizado estava prevista para esta terça-feira, 15 de janeiro, mas o shut down decretado pela administração Trump, e que parece não ter fim à vista, ditou o seu adiamento para o final do mês.

A deriva do polo Norte magnético não é um fenómeno de agora. Ele foi observado no século século XIX pelos exploradores polares, mas a velocidade da deslocação era muito reduzida, tendo os cientistas percebido que houve uma aceleração na década de 1990, ao ponde de desatualizar agora os modelos em apenas três anos.

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