Polícia espanhola desfere forte golpe à mafia russa

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Segurança. Uma das quatro principais organizações do submundo russo foi desarticulada ontem em Espanha. Com origem em Sampetersburgo, nenhuma actividade criminosa lhe era estranha, do tráfico de droga e armas ao contrabando de cobalto. Colaboraram polícias dos EUA, Suíça, Alemanha e Rússia

A operação foi dirigida pelo juiz Baltasar Garzon

Mais de 400 elementos das forças de segurança participaram ontem na costa sul de Espanha e em Madrid numa operação para desmantelar a "estrutura criminosa de origem russa mais importante no mundo", o grupo Tambovskaya-Malyshev- skaya, cujos dirigentes residem habitualmente no país.

A operação decorreu em Málaga, Alicante, Barcelona, nas Baleares e na capital espanhola, realizando-se perto de 20 detenções, entre as quais os líderes desta organização que opera na Rússia, nos Estados Unidos (onde as mafias russas estão fortemente implantadas) e em vários países da União Europeia.

O chefe máximo do grupo, de quem só foi designado um nome de guerra, Petrov, foi detido em Palma de Maiorca, assim como os três outros principais dirigentes do Tambovskaya-Malyshevskaya.

Um outro detido, Vitali Idrilov, que se encontrava em liberdade condicional, já tinha sido preso pela polícia em Junho de 2005 durante a Operação Avispa, que representava, até ontem, a mais importante intervenção das autoridades espanholas contra as mafias russas.

Segundo um comunicado das autoridades espanholas, o grupo Tambovskaya-Malyshevskaya actuava nas áreas do tráfico de armas, estupefacientes e tabaco, extorsões, contrabando de cobalto e outras acções violentas. Ainda segundo a polícia, os fundos deste grupo do submundo russo estão predominantemente depositados em paraísos fiscais em Chipre e na Letónia.

A organização começou a implantar-se em Espanha no início dos anos 90, época que coincidiu com o princípio da internacionalização das operações dos círculos mafiosos russos. É considerada uma das quatro principais organizações do crime organizado russo a nível internacional.

O grupo Tambovskaya-Malyshevskaya teve origem na região de Sampetersburgo, na localidade com o nome porque ficou conhecido, e é constituído, segundo informação da polícia espanhola, por naturais daquela cidade e da capital russa, Moscovo.

De acordo com a investigação policial, boa parte dos elementos do grupo pertence a este desde a sua juventude, em especial o círculo dirigente que se fixou em Espanha, país utilizado principalmente como refúgio e centro de lavagem de fundos provenientes de operações ilegais. A polícia estima na ordem das dezenas de milhões de euros as verbas movimentadas anualmente pelo grupo.

A acção policial, designada Operação Tróica, foi dirigida pelo juiz Baltasar Garzon, da Audiência Nacional, que emitiu 30 mandados de detenção e se encontra hoje no sul de Espanha para proceder a interrogatórios e fazer o balanço da intervenção.

A operação começou a ser preparada em 2006 e envolveu ainda a colaboração de forças policiais dos EUA, da Suíça, da Alemanha e da Rússia.

Foram feitas buscas em residências e escritórios de advogados e especialistas financeiros avençados em exclusivo, na maior dos casos, pelo grupo, assim como nas casas dos seus dirigentes e a sedes de empresas que serviriam para o branqueamento de capitais pelo Tambovskaya-Malyshevskaya. Neste capítulo, a polícia indicou ontem terem sido identificadas cerca de 500 contas bancárias com ligação ao grupo.

Das buscas resultou a apreensão de larga quantidade de documentos, veículos topo de gama e computadores. - Com agências

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