Os principais arraiais e zonas de festas dos santos populares de Lisboa vão ter vigilância reforçada neste fim de semana, não só com elementos fardados mas também com agentes à civil, Corpo de Intervenção e cães. A Polícia de Segurança Pública conta ainda com um reforço para alertar os turistas em relação aos carteiristas: a campanha Sardinha Policial, que terá como principal missão alertar para os cuidados a ter com as malas e carteiras..Até segunda-feira, a PSP vai apostar num policiamento de "visibilidade". Nos principais pontos onde se esperam multidões vai ser visível a presença dos agentes, de forma a transmitir segurança aos milhares de pessoas que vão procurar bairros como Alfama, Mouraria, Castelo, Bairro Alto, Bica ou Madragoa para festejar..Além desse reforço - que segundo fonte do Comando de Lisboa incluirá elementos à paisana, elementos do Corpo de Intervenção, agentes com cães, equipas de intervenção rápida e agentes responsáveis pela gestão de trânsito nessas áreas -, o Comando Metropolitano de Lisboa tem em marcha uma grande ação de alerta para a presença de carteiristas nos locais de festa. Além dos bairros já referidos, o Desfile das Marchas Populares, que terá lugar na Avenida da Liberdade, na noite de domingo, também terá uma forte presença policial..Os turistas que visitam Lisboa são o principal alvo desta sensibilização, que passa, por exemplo, pela entrega de um folheto em forma de sardinha que no verso tem o número de telefone para onde pode ligar quem for roubado, várias ilustrações que explicam a forma de atuação dos carteiristas e uma frase em português e em inglês: "Não se deixe fisgar pelos carteiristas.".Além destes folhetos, a PSP distribuiu cartazes com conselhos nos transportes, nas zonas de concentração de multidões e nos postos de turismo que existem na cidade..Segundo o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP estes alertas para os carteiristas vão manter-se durante todo o verão na capital..Em cada canto um arraial.Nos bairros históricos da capital ontem foi dia para ultimar os preparativos para o ponto alto das festas populares. A meio caminho entre o receio de que os lisboetas tenham debandado da capital no fim de semana alargado e a expectativa de que o número de turistas aumente consideravelmente, os comerciantes lamentam o preço alto da sardinha..Por estes dias, por São Vicente, Alfama ou Mouraria, em cada habitante há um empresário da restauração. É o caso de Ana Maria, que uma vez por ano assenta arraiais na Travessa de São Tomé. "Desde pequenina" - a mãe já o fazia, a tradição foi continuada pelos filhos, e se os irmãos se foram afastando, esta reformada continua, todos os anos, a montar o negócio na altura do Santo António. Duas filhas e uma neta servem à mesa. E se não se ganha muito - "é muita gente a fazer o mesmo" -, é sempre um acrescento às finanças: "Sou reformada, ganho 238 euros por mês. Se ganhar 500, são duas reformas.".Ali só se servem sardinhas à dose - quatro custam sete euros e meio. "Está muito cara", diz Ana Maria, que optou neste ano por comprar o peixe congelado. A sardinha fresca custa "sete, oito euros o quilo"..Do outro lado da travessa, mesmo ao lado das Portas do Sol, América Fátima está a vender as sardinhas a dois euros cada. Só para noite de sexta-feira comprou 200 quilos. Para as seguintes, vão ser 350 a 400. Está à espera de um bom ano de santos populares: a julgar pelo movimento desde o início do mês, "há mais turistas". Ana Maria também acha que sim, mas não é por isso que conta vender mais sardinhas: "Os turistas não vão muito à sardinha. Vão mais ao polvo e ao bacalhau.".Colina acima, não há espaço de passeio que não esteja ocupado por mesas e cadeiras. São as que o espaço permite, mas nem que seja uma ou duas - cafés e restaurantes expandiram-se para a rua..Ontem, junto à zona do Castelo, era notória a fiscalização, quer da Câmara Municipal de Lisboa quer de funcionários da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior. Mas, como admitiu ao DN fonte autárquica, às tantas é simplesmente impossível controlar o que, nestes dias, se transforma numa prática generalizada..Trezentos quilos de sardinha.A sardinha está cara, mas não tanto, diz Paulo Paz, em plena azáfama da montagem do arraial no Jardim Augusto Gil, em frente ao Miradouro da Graça. São 28 mesas distribuídas à volta de um lago, 280 lugares. A sardinha vai custar um euro. Justificação? "Nós somos escuteiros, não queremos enganar ninguém.".Este é um arraial com uma particularidade: é organizado pelos escuteiros da Graça. "É a nossa única grande angariação de fundos. É daqui que temos dinheiro para as atividades ao longo do ano", conta ao DN. A lista de encomendas para os dias - ou melhor, as noites - que se avizinham é longa. Inclui 300 quilos de sardinha, 240 quilos de bifanas, 75 quilos de entremeada, 80 quilos de caracóis, 60 quilos de chouriço. E como uma das atividades preferidas nas festas populares é mesmo beber, os números das bebidas não ficam atrás em ordem de grandeza - 70 barris de cerveja e 40 barris de sangria. Tudo isto vai ser servido por um grupo de 60 voluntários, a "maior parte pais dos miúdos" que integram o agrupamento 63 da Graça. Este responsável não tem muitas dúvidas sobre o que terá mais saída: "O que se vende mesmo muito é sardinha e cerveja."