Polémicas não abalam o lucrativo negócio das apostas 'online'

 Mesmo com os recentes escândalos de  viciação de resultados na Europa, 'sites' de apostas florescem, apesar das resistências legais
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O exercício é simples: coloque-se as palavras bet (aposta) ou odds (probabilidades) num motor de pesquisa da Internet e instantaneamente aparecem milhões de páginas dedicadas ao assunto. Nem seria preciso dar-se ao trabalho para perce- ber que o mercado das apostas online floresce, sobretudo no que toca ao desporto, e nem os recentes escândalos de viciação de resultados no futebol europeu parecem abalar as estruturas do negócio.

Os resultados de 200 partidas de futebol, entre os quais três jogos da Liga dos Campeões e doze da Liga Europa, terão sido viciados. Culpada: a máfia das apostas. A procuradoria de Bochum (Alemanha) estendeu as investigações a países como Áustria, Bélgica, Suíça, Hungria, Eslovénia, Croácia, Bósnia e Turquia e o escândalo da fraude de resultados em benefício de apostadores parece estender-se a outros desportos, como o basquetebol e o ténis.

Com mais esta polémica, que o porta-voz da UEFA, Peter Limacher, já classificou como "o maior escândalo de manipulação que atingiu a Europa", voltou a discussão sobre as apostas online. No entanto, este negócio floresce desde finais dos anos 90 e a sua expansão não parece afectada com a má publicidade.

O jogo online é proibido nos Estados Unidos e tem severas restrições em países como Suécia ou Canadá, porém, em grande parte da Europa, as empresas, geralmente sediadas em locais onde não existe enquadramento legal para o jogo - como Gibraltar, no caso da Bwin -, ganham cada vez mais entusiastas, limitando-se a cumprir os requisitos de não aceitarem apostadores menores de 18 anos.

No Reino Unido, onde as apostas são uma tradição, as regras apertaram em 2005, e países como França ou Itália seguiram os caminhos da regulamentação, o que equivale a dizer que as receitas do jogo online começaram a ser taxadas pelo Estado. Portugal estuda essa hipótese (ver texto na página seguinte). Em todo o caso, o nosso país continua a tentar assimilar uma realidade que cresceu exponencialmente nos últimos anos, muito por culpa da Bwin.

A empresa austríaca, fundada em 1999, entrou em força no nosso país com a compra do "naming" da Primeira Liga, entre as épocas 2005/06 e 2007/08, e desde então começou a liderar o negócio em Portugal. Outras empresas a seguiram, como a Sportingbet ou a Betclic, que, para se familiarizarem com o público, optaram por patrocinar camisolas de equipas portuguesas. Uma situação que gera controvérsia, não só por cá. Em 2006, o estado da cidade alemã de Bremen proibiu o patrocínio da camisola do Werder Bremen por parte da Bwin, uma medida que se estendeu até à venda de camisolas de outros clubes patrocinados pela casa de apostas. O aumento da dependência do jogo associado à proliferação das apostas online é um dos argumentos dos proibicionistas.

Em todo o caso, as empresas de apostas vão acumulando lucros e diversificam as opções, alargando o espectro para outros desportos e até outros temas. Em 2008, a Bwin gerou um lucro de 13 milhões de euros, mesmo assim, muito longe dos quase 300 milhões alcançados pela Ladbrokes, uma tradicional casa de apostas britânica fundada nos anos 20. Certo é que, se antigamente apostas desportivas era sinónimo de Totobola, com o advento da Internet, arriscar dinheiro num resultado passou a estar à distância de um clique.

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