Pokémon Go. Um ano depois a febre continua, mas mais fraca

Depois do pico no verão passado, há menos jogadores. Mas o jogo de realidade aumentada continua popular
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Há um ano era a loucura por todo o mundo. Milhões de pessoas andavam pelas ruas de telemóvel em punho a jogar Pokémon. Nesse verão, nos Estados Unidos - o país em que mais pessoas aderiram ao jogo - houve quedas em buracos, invasões de propriedade privada, assaltos, descoberta de cadáveres, multidões às quatro da manhã no cais de Santa Mónica e serviço de táxis para caçadores de criaturas.

Entretanto, a febre já baixou mas mesmo assim há 65 milhões de jogadores registados a nível mundial. E em Portugal a Nintendo viu a consola portátil vender mais 57%.

Dezenas de milhões de consumidores descarregaram a aplicação para os smartphones e começaram a andar pelas ruas de olhos postos no ecrã, à procura das criaturas mágicas que apareciam sobrepostas às imagens da câmara em tempo real. As autoridades registaram incidentes relacionados com o jogo durante os primeiros seis a oito meses após o lançamento, o que espelha a intensidade da adesão dos consumidores norte-americanos.

O jogo foi desenvolvido pela Niantic Labs em cima da propriedade intelectual da The Pokémon Company, na qual a Nintendo tem uma participação de 33%. Desde a versão original, já foram lançadas diversas atualizações com mudanças nas regras, novas criaturas e outras alterações para manter o público interessado. A estratégia funcionou, apesar de o número de joga-dores ativos ser agora mais baixo. Era uma fasquia impossível de manter, após um pico atingido a 13 de julho de 2016, quando foram registados 28,5 milhões de jogadores nos Estados Unidos. Em agosto, eram mais de 15 milhões, e em setembro dez milhões. Apesar da quebra, o número de utilizadores diários manteve-se anormalmente alto: de acordo com dados divulgados pela comScore em março deste ano, cerca de cinco milhões de norte-americanos jogam todos os dias.

O cenário mundial é bem mais sumarento: a Niantic Labs regista atualmente 65 milhões de jogadores mensais, depois de um pico de cem milhões em agosto do ano passado. Continua a ser mais popular que o Candy Crush Saga, que soma 61 milhões, e Clash Royale, que vai nos 8,5 milhões. A Apptopia estima que as receitas globais geradas pelo jogo andem pelos 1,2 mil milhões de dólares, um sucesso estrondoso e difícil de replicar.

"O Pokémon Go foi uma coisa tão gigantesca que agora parece que morreu, mas continua a ter uma comunidade muito ativa", garantiu ao DN Nelson Calvinho, gestor de produto da Nintendo Portugal. O sucesso do jogo para smartphones teve um efeito multiplicador nas vendas de consolas portáteis Nintendo no mercado português, com uma subida de 57%, e fez que o Pokémon Sun and Moon lançado depois do verão fosse o mais vendido de sempre em Portugal.

A febre gerada pelo jogo deve-se a vários fatores e até agora nenhuma outra editora conseguiu replicar o sucesso na arena da realidade aumentada. Isso não quer dizer que as expectativas otimistas das consultoras para essa tecnologia não venham a concretizar-se. Em junho, a Apple anunciou o ARKit durante a conferência anual de programadores e a qualidade da tecnologia demonstrada é superior ao que já se vê no mercado.

Os consumidores assim o esperam. Um estudo publicado pela Ericsson no mês passado indica que sete em cada dez acreditam que a realidade aumentada e virtual se tornará comum nos media, educação, trabalho, interação social, turismo e retalho. A próxima geração de redes móveis, 5G, será essencial para concretizar esta visão.

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