Poeta Adam Zagajewski vence Prémio Príncipe das Astúrias
O poeta e ensaísta Adam Zagajewski é o mais recente Prémio Príncipe das Astúrias segundo anunciou esta manhã o júri, seguindo-se a escritores como Richard Ford (2016) ou Philip Roth (2012).
Nascido na atual Ucrânia em 1945, Zagajewski tem registos na poesia, ensaio e romance, e é um dos poetas da Geração de 68, autores comprometidos politicamente no que escrevem, como é o caso dos seus colegas Kornhauser, Kipska, Krynicki e Baranczak. É o criador do lema desta Geração, "Diz a verdade", ou""Fala claro".
O poeta viveu parte da sua vida exilado na Alemanha, Paris e Estados Unidos, tendo regressado em 2002 a Cracóvia. Além de professor nas universidades de Houston e de Chicago é um dos editores da revista literária parisiense Zeszyty literackie.
Zagajewski publicou pela primeira vez no ano de 1972, o livro de poesia Komunikat, após o que editou o romance Cieplo zimno (Quente e Frio). Seguiu-se Sklepy miesne, momento em que a perseguição pelo regime comunista o levou a exilar-se. Entre os seus ensaios destaca-se Solidarnosc i samotnosc (Solidariedade e Saudade), no qual desenvolvia o que pensava ser o papel dos escritores na sociedade.
É com o livro de poemas Plótno em 1990 que altera o âmbito da sua poesia, mais preocupada com a contemplação do que como a participação política. A razão, justificou então, era porque "a poesia estava noutra parte e não nas lutas partidárias imediatas". Para a crítica, o seu trabalho é "de grande profundidade humana e sensibilidade estética".
A ata do júri destacou a poesia de Zagajewski e as suas "reflecções sobre a criação e o seu intenso trabalho memorialista, confirmando o sentido ético da literatura que faz com que a tradição ocidental permaneça una e diversa na sua língua nativa ao mesmo tempo que reflete as questões do exílio. A atenção à parte lírica, a vivência íntima do tempo e a certeza de que por trás de uma obra artística está o fulgor, que inspira uma das experiências poéticas mais emocionantes da Europa herdeira de Rilke, Milosz e Antonio Machado".