Poderá um fitness tracker ser melhor do que um smartwatch no desconfinamento?
São muitas as razões para comprar um relógio inteligente. Além de parcialmente substituírem o telefone, são ainda instrumentos capazes de recolher importantes sinais de saúde, como a pulsação.
O problema na escolha do que comprar coloca-se, naturalmente, relativamente à conta bancária de cada um. Afinal, um Apple Watch de topo de gama começa nos 400 euros e pode chegar aos 800. Outro exemplo: um Samsung Galaxy Watch3 LTE custa uns 500 euros. Mais uma opção a ter em conta, num estilo bem mais clássico: um Withings Scan Watch, que lhe custa 280 euros.
Estes modelos são daquele género que os americanos chamam "all bells and whistles". Ou, em bom português, trazem tudo e um par de botas.
Deixemos de parte as funcionalidades de smart watch destes aparelhos e foquemo-nos nas suas capacidades enquanto instrumentos de monitorização de saúde.
Além das funções hoje em dia consideradas básicas, como medir o número de passos dados ou os batimentos do coração por minuto, já para não falar na monitorização da qualidade do sono, estes smartwatches têm funções como a medição do nível do oxigénio no sangue ou a monitorização do ritmo cardíaco (ECG) que, prometem, é capaz de detetar fibrilação auricular.
Estas duas últimas funções são as mais recentes "coqueluxes" destes aparelhos. E se a funcionalidade de detetar a incapacidade de o coração manter um batimento regular é algo sem dúvida importante, foi a monitorização do oxigénio no sangue que chamou mais a atenção nesta época de covid.
Isto porque um dos sinais desta infeção respiratória é a redução da capacidade pulmonar -- e, como tal, do fornecimento de oxigénio ao sangue. Ser capaz de medir facilmente, fora de um hospital, como está esse nível pode ser uma importante pista para, pelo menos, ir fazer um teste que determine a presença do vírus que está a provocar a pandemia.
A Fitbit, marca que fez nome com os seus fitness trackers, entrou há quatro anos no segmento dos smartwatches com o modelo Ionic. No entanto, ao contrário do que acontece com os aparelhos acima referidos, todos os seus relógios são "híbridos", ou seja, precisam de estar próximos do telemóvel para terem funções como receber notificações, chamadas, SMS, WhatsApp, etc.
Já as funcionalidades de monitorização de sinais vitais funcionam autonomamente. E apesar de serem aparelhos mais vocacionados para a medição da atividade física, com a última atualização de software também ficaram com uma importante vertente de saúde -- só que por um preço inferior aos modelos atrás mencionados.
O mais recente (e sofisticado) destes aparelhos, o Sense, que inclui medição ECG, tem preço de tabela de 300 euros (o Amazon.es vende-o por 269, menos do que o Withings). Outro modelo que não inclui a possibilidade de monitorizar o ritmo cardíaco, mas mede o nível de oxigénio no sangue, é o Versa 3, que tem um preço de tabela de 230 euros (o Amazon.es vende-o por 180).
Além disso, todos os smartwatches da Fitbit medem frequência da respiração, variação da temperatura da pele e média de batimento cardíaco em repouso, indicadores que podem ser importantes para avaliar o estado geral de saúde de uma pessoa.
Desvantagem relativamente aos modelos referidos no início do texto: medições como a saturação de oxigénio no sangue só são feitas durante o sono (os outros fazem-no on demand, com o pressionar de um botão).
Vantagem final destes smarwatches "híbridos": por não estarem permanentemente ligados à internet celular e usarem Bluetooth de baixo consumo para comunicar com o telemóvel, a bateria dura dias, não necessitando de ser carregado todas as noites, como acontece com o Apple Watch ou o Samsung.
Há, no entanto, algumas vantagens em optar por um aparelho mais simples, como um fitness tracker. Desde logo o preço.
É possível encontrar um modelo satisfatório até 100 euros. Quando dizemos satisfatório referimo-nos a algo que faça o que estes aparelhos precisam fazer para funcionarem de forma eficiente: além de contarem os passos e os movimentos, precisam MESMO de ter sensor cardíaco.
Só sendo capaz de calcular a pulsação por minuto do utilizador é que o software é capaz de, de uma forma minimamente eficiente, fazer as contas entre o exercício realizado e o esforço despendido.
É fácil perceber porquê. Para uma pessoa em excelente forma física, que faz exercício regular, correr 1 km em 10 minutos não custa nada -- o coração mal acelera. Já uma pessoa que tem uma vida essencialmente sedentária (pode nem ter excesso de peso), o mesmo exercício provocará um esforço cardíaco superior.
Assim, uma opção básica como o Samsung Galaxy Fit2, que lhe custa uns 30 euros, pelo menos é capaz de dizer quanto se anda a mexer e o que isso está a fazer pela sua saúde. E ainda é capaz de monitorizar a qualidade do sono. Não faz muito mais, mas por esse preço...
Já com um pouco mais de investimento -- 100 euros no Amazon.es no momento de publicação deste artigo -- compra o Fitbit Charge 4. E com ele, além das funções habituais num fitness tracker (medir atividade física, como corrida, bicicleta ou natação, por exemplo), ainda tem pequenas funções de smartwatch, como mostrar a previsão do tempo, controlar a música do Spotify do telefone ou mostrar as notificações que aparecem no telemóvel.
Para quem nunca experimentou ter no pulso uma destas (ainda relativamente novas) tecnologias, qualquer uma das duas opções será um bom ponto de partida, para por exemplo os primeiros seis meses ou um ano, antes de dar o "salto" para um smartwatch mais a sério.
Pensado para crianças com 6 ou mais anos, o novo Fitbit Ace 3, que promete autonomia de bateria de uma semana, é um fitness tracker para medir a atividade dos miúdos e partilhar a informação com a família.
A ideia é poder motivá-los a mexerem-se (pode haver casos em que isso é preciso....).
Além das funções de contagem de passos e monitorização do sono, os miúdos que possuam telemóvel recebem no pulso as notificações do seu telefone. Isto por 80 euros e para pais que não querem que lhes falte mesmo nada.