Podem proibi-lo de sair do Irão, mas não de continuar a filmar

A sentença em tribunal proíbe Jafar Panahi de sair do país, de dar opiniões publicamente e de fazer filmes. Mas ele continua a captar o que se passa no Irão, como acontece com "Táxi".
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Jafar Panahi finge dar um beijo no troféu entregue em Berlim. A imagem podia ser de sábado à noite, dia em que foi distinguido com o Urso de Ouro pelo filme Taxi, na 65.ª edição do Festival de Cinema. Não é. Foi tirada em 2006, antes do realizador ter sido proibido de filmar e de sair do Irão.

Foi a sobrinha que subiu ao palco em seu nome para receber o Urso, agora de Ouro (o de Prata premiava Offside - Fora de Jogo). "Sou incapaz de dizer o que quer que seja. Estou demasiado comovida", afirmou Hana Saeidi, que também entra no filme. Panahi só falou através da agência noticiosa iraniana: "Nenhum prémio vale tanto como os meus compatriotas poderem ver os meus filmes".

Apoiante do líder da oposição nas presidenciais de 2009, Jafar Panahi, de 54 anos, enfrenta problemas com as autoridades iranianas desde então. A sua casa foi alvo de buscas e a sua coleção pessoal de filmes, classificada de "obscena", foi apreendida. Inclui obras de Hitchcock, Howard Hawks, Luis Buñuel ou Jean-Luc Godard, os seus preferidos desde os tempos em que estudava Cinema na universidade.

Em 2010 foi preso e fez greve de fome. Ficou impedido de marcar presença no Festival de Veneza, em setembro desse ano. Foi levado a tribunal acusado de fazer "propaganda contra o regime" com um filme que se centrava nas manifestações contra a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad. A sentença: seis anos de prisão, revistos entretanto, interdição de filmar durante duas décadas e proibição de manifestar-se publicamente.

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