"Pode ser uma oportunidade para se fazer um bom trabalho"

Destruição de 28 mil hectares de floresta provocou mais estragos sociais e económicos que ecológicos, defendem técnicos e população. O pinheiro não era bem vindo e as árvores folhosas é que defenderam o território. Danos serão mais graves se não estabilizarem solos.
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Um quarto do Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) está coberto de cinzas e com solos ainda mais secos. Os incêndios chamuscaram a biodiversidade, mas esta pode ser uma oportunidade para corrigir o que se fez de mal durante séculos, dizem os técnicos e os habitantes. Investiu-se na monocultura de floresta resinosa (pinheiro) em detrimento do mosaico de folhosas (carvalho, castanheiro). Urgente é garantir alimento para os animais, recuperar redes de água e estabilizar os solos para evitar a sua erosão com as chuvas e para não poluir a água que abastece parte de Portugal.

"Numa perspetiva ecológica, este incêndio é menos grave do que pensávamos, mas, do ponto de vista social e económico, é trágico", conclui Manuel Franco, vice-presidente da associação Guardiões da Serra. Sublinha que a recuperação leva décadas e defende que deve ser não só uma tarefa dos governantes e dos habitantes da Serra, mas de toda a sociedade, nomeadamente pelo "valor que dão aos produtos locais". Ativistas e população acreditam que a vegetação importante, nomeadamente os vários tipos de carvalho, vai regenerar. "Só daqui a duas primaveras é que perceberemos o que se vai recuperar".

A Serra da Estrela ardeu 11 dias seguidos e continua a arder - ainda esta semana em Loriga (Seia). Percorrer os caminhos que a serpenteiam é desolador, com árvores e vegetação queimadas. Até as rochas cederam. As chamas galgaram linhas naturais de contrafogo (como os rios Zêzere e Mondego) e artificiais, como as estradas e as faixas de gestão de combustíveis criadas para prevenção. Mas a Serra é também um cenário de contrastes. O fogo parou naturalmente junto às árvores folhosas, que ardem muito menos que as resinosas.

"O fogo parou à entrada de Manteigas, de forma natural, precisamente junto aos carvalhos, à floresta folhosa. Têm folhas largas e viscosas, de difícil combustão, ao contrário de eucaliptos e pinheiros. Uma pinha ou uma folha de eucaliptos viajam quilómetros, não há meios aéreos e faixas de proteção que o possam impedir", explica Samuel Infante, da Quercus. O que é bem visível na encosta de Manteigas, uma cidade num vale e que poderia ter sofrido consequências graves se não fosse essa vegetação.

O engenheiro ambiental frisa: "A única forma de evitar incêndios com esta gravidade não é cortar as árvores, é plantar. Mas fazer uma floresta diferente, biodiversa, resiliente ao fogo, baseada nas espécies autóctones, essa é a receita. Permite que a ocupação dos solos seja produtiva, com produtos como a castanha e cogumelos, e traz turismo. Além da atividade económica, a floresta de carvalhos produz biodiversidade, alimentos para a pastorícia, para a caça. Com o eucalipto e o pinhal não há nada disso, costuma-se dizer que são "desertos verdes". Até porque muito da sua produção desapareceu. Tinha a resina, as pinhas, mas com o abandono rural deixou de ter uso".
Defende que Portugal devia estar coberto de norte a sul por carvalhal, mas fica-se por um terço: 1,5 % de carvalhos, 10 % de azinheiras e 20 % de sobreiros.

A restante paisagem é praticamente composta por pinheiros e eucaliptos, áreas que sobrepostas ao mapa de incêndios são muito coincidentes. "O pinheiro e o eucalipto estão maioritariamente do Tejo para norte e, nos últimos 10 anos, mais de 90 % dos incêndios coincidem com essa área. A sul, a floresta é dominada pelo sobreiro e azinheira, não há forma de arder. Porquê?", pergunta Samuel Infante. Tem a resposta: "A floresta está preparada".

Há muito que quem está no terreno defende a substituição do pinhal por floresta mais sustentável. É o caso da associação Amigos da Serra da Estrela (ASE). O seu presidente, José Saraiva, leva-nos a visitar o Vale de Beijames, onde tem um parque de campismo rural. Ele próprio ali plantou 74 espécies diferentes - carvalhos, bétulas, azinheiras, sequoias, sobreiros, etc. -, algumas só por uma questão de estética. Mas sempre a afastar-se das resinosas. Viram passar as chamas sem danos.
"Defendemos que 60 % dos pinheiros do vale [Beijames] devia desaparecer. Neste incêndio é bem visível a diferença de reação das espécies ao fogo".

Percorremos o vale ao longo do Rio Beijames, afluente do Zêzere, em cujas fragas se toma um bom banho, este ano com muito menos água. Estamos na Reserva da Arbitureira, onde o verde domina e a associação construiu nas veredas os trilhos Fraga Grande, Aguilhão e Verdelhos. "O fogo chamuscou a borda das azinheiras, mas foi amortecendo e parou, ardeu junto ao solo mas a azinheira não", mostra José Maria, como todos o conhecem. Foi vigilante do Parque Natural da Serra da Estrela durante 20 anos (tem 72).

É por isso que não tem problemas em afirmar em voz alta o que muitos parecem pensar: "Este incêndio pode ser uma oportunidade para se fazer um bom trabalho, para se fazer uma replantação adequada, as encostas da Serra não podem ser vistas como áreas para produzir madeira. Há vertentes em que a aposta deve ser conservar", sublinha, para rematar: "As árvores devem morrer de pé".

Defende que a prioridade deve ser os agricultores, cujo trabalho precisa de ser reconhecido e os seus produtos valorizados. "Estão a prestar um serviço importante em termos de biodiversidade, também na absorção de carbono, são eles que mantêm a Serra viva. Os campos agrícolas tratados não arderam, aqui o Estado não teve despesa".

Agricultores que José Maria conhece, as relações familiares, as suas terras e animais. O António, a Gracita, o Zé Manel, a Olívia, a Isabel, o Hermínio, a Joana, e tantos outros. Ao Hermínio, que é o marido da Olívia, pergunta: "Safas-te?" e ouve: "Ardeu o palheiro, mas o resto está bem". Pergunta-lhe se já lhe entregaram comida para os animais, o pastor diz que o contactaram. Fica contente ao ver que a Isabel, mulher do Zé Manel, tem pasto para as cabras.

Manuel Franco recua séculos para evidenciar como a região deixou de ter vegetação autóctone, a última das quais com o Estado Novo. "Assumiu para si o território, introduziu as florestas, o que a nível da recuperação tinha coisas bem desenhadas mas que não foram executadas".

Uma questão a ter em conta numa intervenção estatal prende-se com a ocupação dos solos, que nas zonas centro e norte de Portugal são constituídas por minifúndios. O que na Serra da Estrela até não é tão problemático. Manuel Franco sublinha que "neste incêndio, 70 % do terreno é comunitário [baldios]".

Para os Guardiões da Serra, tem tudo a ver com a educação ambiental. "Durante muitos anos, as pessoas estiveram de costas voltadas para a Serra. A organização e a Associação Amigos da Serra têm estado nas reuniões com o governo".

A Serra ardeu em 2017, 2013 e 2003, só neste século. Arderam 28 mil hectares desta vez e, segundo dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), 22 mil no PNSE, território que integra o Estrela Geopark Mundial da UNESCO. Foram particularmente atingidos os concelhos da Guarda (10 112 ha, 14% do concelho) e de Manteigas (6300 ha, 52 %). Ardeu mais de 50 % das freguesias de Verdelhos (Covilhã); Aldeia Viçosa, Famalicão, Fernão Joanes, Gonçalo e Valhelhas (Guarda); Sameiro e Vale de Amoreira (Manteigas) e Folgosinho (Gouveia). Da área percorrida pelo incêndio, 16% tem utilização agrícola, 10% corresponde a águas interiores, 33% a floresta, 20% a matos e pastagens, 9% tem utilização urbana e 12% é improdutiva.

Manuel Pinto, 83 anos, toda a vida foi pastor. Vive com a cunhada e o sobrinho, têm cabras e ovelhas, 90 animais, a quem tiram o leite à mão. Duas pessoas levam uma hora, tarefa que no verão começa bem cedo. "Aqui quem manda é o tempo, o Sol. No inverno, a ordenha é de noite".
Mora na zona do Planalto do Mondego, em Casal da Feiteira, no Lugar de Covões, onde a eletricidade ainda não chegou. Têm painéis solares e que alimentam as baterias. "Na nossa casa não ardeu. O fogo andou de roda, pela estrada, às voltas. Reunimo-nos todos, um rapaz com um tratorzinho para lavrar as margens, para o fogo não entrar nas hortas, e conseguimos", descreve.

Acaba de descer uma encosta, foi ver a mina. "Está tudo a correr bem, temos água em casa, mas tivemos três ou quatro dias sem água", recorda. Arderam os canos de captação, que têm estado a ser substituídos pela Guardiões e os voluntários que se lhes juntaram. Estão a substituir os tubos e a arranjar forma de quebrar a velocidade da água, já que os terrenos são muito inclinados. Apoiam diretamente 110 famílias, não só na reposição das canalizações como com alimentação para os animais e apoio veterinário.

As fontes de água são as minas, mas precisam de vegetação para continuarem ativas, explica Samuel Infante. Uma das preocupações da Quercus relativamente às consequências dos incêndios era saber como estava a plantação de teixos que fizeram no Vale Glaciar do Zêzere. Não foi afetada - mais depressa as pequenas plantas são cortadas por quem faz a limpeza da serra. Ocupam uma área verdejante, com a água a escorrer pela serra, uma zona húmida contrastando com o calor e a seca que se sente na região.

O teixo é uma espécie de alta montanha, ocorre de forma espontânea no Gerês e na Serra da Estrela e corre o risco de desaparecer. É considerado um habitat prioritário pela UE, que financia o projeto da Quercus nas duas serras portuguesas, Life Taxus. É uma árvore pequena, ou arbusto grande, que pode chegar aos 20 metros de altura. Tem uma configuração idêntica ao pinheiro, mas é resistente às chamas.

Mas há outra preocupação e o tempo esgota, basta chegarem as primeiras chuvas. É preciso estabilizar os solos, evitando a erosão dos terrenos e, com isso, que as cinzas e todo o lixo provocado pelo fogo atinjam as margens dos rios, nomeadamente o Zêzere e o Mondego. Para já, é preciso identificar as zonas de elevado risco de erosão.

"Ardeu e a terra só tem restos de madeira. O ideal seria que essa madeira se mantivesse nos terrenos para reduzir a velocidade da água quando chover. Mas há o perigo de as cinzas escorrerem pela serra. É prioritário proteger os solos de erosão e das chuvas, porque a matéria orgânica vai recuperar", diz Samuel Infante. É, ainda, importante controlar o desenvolvimento das espécies exóticas invasoras, como a acácia, que considera "um problema grave na Serra da Estrela".

A ASE defende o corte das árvores para que caiam e formem barreiras às águas. "Corta-se a árvore, mas deixa-se o tronco com 40/50 centímetros, quando cai faz uma barreira, um muro, é uma técnica florestal antiga. Vão nascer árvores nos espaços livres, o tronco vai apodrecer e o solo recuperar. A dificuldade é evitar que o solo perca nutrientes, 40 % da população portuguesa bebe água da Serra da Estrela", explica José Maria Saraiva.

José Carlos Alves, 55 anos, tem um rebanho de 40 animais, ovelhas e algumas cabras (vende os borregos). Já estava a dar-lhes feno devido à seca e as chamas levaram-lhe os pastos que lhe restavam. Agora, leva o rebanho para os campos de vizinhos, onde ainda há vegetação, e está a receber fardos e sacos de ração. "É mais para estarem ao fresco e sempre vão limpando o terreno".

Cláudia e João Campos entregam-lhes a alimentação para os animais, tarefa que abraçaram desde o primeiro dia do incêndio. Este iniciou-se na madrugada de 6 de agosto em Garrocho (Covilhã). "Começámos a distribuir em Verdelhos e, depois, andámos atrás do fogo, até que chegou à nossa quinta". Tiveram a ajuda de vizinhos e de outros vindos de longe, alguns a quem já tinham ajudado a segurar as casas. As chamas foram dominadas a 13, mas reativaram a 15 e só foram extintas a 17. João e Cláudia iniciaram a recolha individualmente, mas agora coordenam com os Guardiões até para não haver sobreposições. "Podíamos ser nós", justifica a Cláudia. Há outras associações, também as autarquias e juntas de freguesia, a recolher donativos - que chegam de todo o lado - para os entregar aos agricultores.

"Descarregaram dois fardos de feno e sacos de ração, é para juntar aos outros que já recebi, penso que terei comida para uma semana e meia", conta José Carlos na sua quinta, em Famalicão (Guarda). É onde tinha os animais e as estruturas de apoio, que se salvaram, mas não a vegetação, entre ela carvalhos, castanheiros e árvores de fruto. "Tinha limpo isto tudo, paguei 1500 euros, agora são cinzas e os animais não as podem comer ".

Nasceu no meio dos animais. Os pais tinham vacas e ele foi comprando ovelhas quando se tornou adulto, mas achou fundamental ter "um emprego" - é vigilante no Museu da Guarda. "Estou com os animais antes e depois do trabalho e aos fins de semana. Aqui não há férias". Tem duas filhas, que se orgulha de criar sozinho e terem um curso, a mais velha em Farmácia e a mais nova em Optometria. Adoram a Serra e gostariam de ali desenvolver um projeto, mas as suas vidas profissionais são longe.

Cláudia Campos, 37 anos, psicóloga, e o marido, João, 30, técnico de maquinação e programação, são caso raro na Serra da Estrela. Viviam em Palmela [Área Metropolitana de Lisboa] e decidiram mudar para o interior do país, na tentativa de melhorar as suas vidas e de manter uma atividade que só os mais velhos conservam. Migraram com o filho, o Miguel , que faz 4 anos no dia 7. A família chamou-lhes "loucos" e houve quem deixasse de lhes falar.

"Viemos para evitar isto. Os incêndios acontecem cada vez mais por causa do abandono rural, as quintas não são tratadas. Comprámos uma quinta e temos um projeto de agricultura regenerativa", conta João, que já quando vivia no meio de prédios sonhava com o campo. Tinham uma casa com jardim, que se transformou numa horta. Depois vieram os patos e as galinhas e o espaço tornou-se pequeno. Decidiram comprar três hectares de terra com habitação na Serra da Estrela, negócio fechado na pandemia, em maio de 2020. Mudou-se a família, os animais e os móveis. Entretanto, compraram mais um hectare e estão a construir um rebanho, que começou com três ovelhas e vai em 18. Investiram numa escavadora e numa motosserra, não só para para limpar os seus terrenos, mas também para vender esse serviço aos vizinhos.

"Cresci num apartamento, passei a gostar da horta, dos animais. Pensámos em nos ver livres do empréstimo, do trânsito, em ter qualidade de vida. Vendemos tudo e começámos a viver aqui", acrescenta Cláudia. Trabalhava no Barreiro com crianças em risco, numa equipa de intervenção precoce. Agora dá consultas de psicologia online e continua a intervir na comunidade.

A quinta fica em Alto de São Geão, na Freguesia de Teixoso (Covilhã). Chamaram ao seu projeto Campos da Estrela. Promovem os produtos no Facebook, nomeadamente os ovos caseiros de várias cores, e resolveram lançar um pedido de donativos. Estes começaram a chegar com mais regularidade quando mostraram as fotos das primeiras entregas.

Não são apenas os animais domésticos a sofrer as consequências do fogo, também os selvagens. Entre estes, José Conde, biólogo do Centro Interpretação da Serra da Estrela, refere que "todos os grupos foram afetados, mas mais os que têm pouca capacidade de fugir, como os invertebrados (insetos, aranhas), os vertebrados (anfíbios e répteis), as aves e os mamíferos de pequeno porte (roedores). Os de maior porte (javali, corso e raposa) mais facilmente fogem". Mas mesmo esses têm dificuldades em se alimentarem e de adaptação a outros habitats.

"Visitámos algumas áreas queimadas e tem havido uma erradicação quase total. Ainda assim, observámos algumas aves que permaneceram, mas que têm muito pouco para viver". E há várias espécies endémicas em risco, como o melro da rocha e o melro da água (este se deixar de ter águas límpidas), o grilo da sela, o longicórnio da Serra (escaravelho), a salamandra Lusitânica, a víbora cornuda (uma das duas cobras venenosas no país) e tantas outras.

A Quinta da Taberna, num cume de Videmonte (Guarda), já foi uma aldeia com 20 famílias. Os mais novos saíram e os mais velhos foram morrendo. Tem vindo a ser comprada por uma família que estava a recuperar casas de pedra para o turismo. Seria um local paradisíaco - vai dar a uma praia fluvial e um parque de merendas - se tudo em redor não tivesse ardido. Duas estavam totalmente recuperadas e mantêm-se de pé, mas são bem visíveis os estragos feitos pelas chamas.

Manuel Franco tem uma empresa de ecoturismo, setor que não terá sido muito afetado pelas chamas. "Será possível manter as atividades turísticas, que não estão associadas à floresta, mas afetará o aparecimento de atividades alternativas".

Desolado está Mathias Baert, engenheiro agrónomo, 34 anos, que há cinco meses se instalou com a mulher no Vale de Amoreira (Manteigas). São belgas e viviam em Portugal há dois anos, queriam fixar-se e acabaram por se encantar com a Serra. Compraram 1,5 hectares de terreno, com uma casinha de pedra e barracão, por 50 mil euros. "Um paraíso", classifica Mathias.

"Tínhamos castanheiros, sobreiros, árvores de fruto, iam até aos pinheiros. Na Bélgica trabalhei num programa de biodiversidade, integrado na Agenda 2000, e a ideia é conciliar a agronomia com o ecoturismo. A minha companheira tem um curso em ervanária e queremos plantar ervas medicinais.
As chamas chegaram às árvores, o paraíso transformou-se em terra queimada. Nem a colmeia do vizinho escapou, muitas abelhas morreram. Mas há a esperança de que a vegetação recupere e, ao contrário do barracão, a casa está intacta. "Não percebo porque não o evitaram, é mesmo ao lado da casa, mas arranja-se. Escapámos a dois fogos, o que vinha de Manteigas e, depois, o de Valhelhas. O terceiro entrou no vale".

Esta semana ainda estavam sem água, têm nascente, mas os tubos da canalização arderam. Tiveram de alugar uma casa. "Estamos a avaliar os prejuízos. Ainda não tínhamos iniciado o nosso projeto, ainda bem, agora seria mais destruição". Regressar à Bélgica não é opção, pelo menos para já.

A decisão do Conselho de Ministros, de 25 deste mês, e a declaração de "Situação de Calamidade" para o PNSE durante um ano, deu um prazo de 15 dias, a contar do dia 30, para o levantamento de prejuízos. Entretanto, o mesmo foi antecipado para amanhã, anunciou a ministra da Coesão Territorial Ana Abrunhosa, sexta-feira, no final de uma reunião na Guarda com os autarcas e outras entidades dos concelhos envolvidos.

"O mais urgente é retirar a madeira dos sítios onde houve o incêndio e, quase em simultâneo, proceder à estabilização dos solos no sentido de evitar deslizamentos que irão provocar a erosão. É preciso evitar que as cinzas impermeabilizem os solos e não deixem que a água se infiltre no subsolo. É fundamental que continuem a abastecer os lençóis freáticos e todas as linhas de água, que vão para as bacias hidrográficas do Mondego e do Zêzere", defende Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, onde ardeu uma casa de habitação. Vão iniciar a limpeza dos caminhos e a reposição da sinalização. Além de todo o trabalho de recuperação, o autarca pede a revisão da forma de gestão do Parque, a cargo do INCF. "Defendemos uma gestão abrangente e participativa, com todos os municípios."
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