PM finlandês diz que mais resgates serão politicamente difíceis

O primeiro-ministro da Finlândia, Jyrki Katainen, afirmou em entrevista à Agência Lusa que será politicamente difícil aprovar novos resgates na Europa e que o Estado não pode criar crescimento económico, mas pode ajudar o setor privado a fazê-lo.
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"Politicamente será muito difícil por razões óbvias. Já existe fadiga ou cansaço quanto a resgates. As pessoas perguntam-se se isto alguma vez terá fim. Penso que é a mesma coisa aqui em Portugal e na Finlândia, embora por razões diferentes", afirmou o governante, presente em Lisboa para uma visita de dois dias com encontros previstos com o primeiro-ministro, o Presidente da República e empresários finlandeses.

O líder do executivo finlandês, e ex-ministro das Finanças no anterior executivo, garante no entanto que se for necessário o novo fundo de resgate do euro, o Mecanismo Europeu de Estabilidade será ativado.

"Nós temos o ESM [Mecanismo Europeu de Estabilidade] que podemos usar caso seja necessário. Claro que todos desejam que não existam novos resgates, mas se não for o caso, e não podermos evitar usar o ESM, então estaremos prontos a fazê-lo", afirmou.

Jyrki Katainen lembrou ainda que na Finlândia o executivo teve de tomar medidas de austeridade na ordem dos 3% do Produto Interno Bruto finlandês, sendo que este é um dos poucos países da zona euro que ainda mantém o 'rating' máximo nas três principais agências de notação financeira: Moody's, Standard & Poor's e Fitc Ratings.

O primeiro-ministro da Finlândia disse também que o principal desafio dos países europeus é a falta de competitividade e defende que o Estado não pode criar crescimento económico, mas que é necessário reformar a sociedade para que o setor privado o possa fazer.

"O setor privado é a solução. O Governo ou o Estado não podem criar crescimento mas o setor privado pode e nós temos de reformar as nossas sociedades para que o setor privado possa criar crescimento", afirmou.

Questionado sobre as palavras da chanceler alemã Angela Merkel, que defendeu que a Europa não pode continuar a ser um problema para o resto do mundo, mas que também não pode simplesmente comprar uma solução, o governante finlandês disse que o principal problema da Europa é a sua falta de competitividade.

"O principal desafio ou o remédio é competitividade. Em muitos países a principal debilidade é a falta de competitividade. (...) Ninguém compra produtos do país porque a qualidade e o preço não são suficientemente competitivos. É por isso que eu partilho da opinião dela [Angela Merkel]", disse Jyrki Katainen.

"O dinheiro apenas não resolve o problema. Nós precisamos de dinheiro para manter o país a funcionar mas não é uma solução sustentável. Todos os países querem ter as suas receitas e esses só chegarão por via da competitividade", afirmou.

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