PM de Cabo Verde anuncia morte de Mandela por erro

O primeiro-ministro cabo-verdiano anunciou hoje de manhã a morte do antigo presidente sul-africano Nelson Mandela, mas, mais tarde, num comunicado, assumiu o erro, indicando ter partido de uma notícia falsa.
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José Maria Neves, após terminar hoje ao fim da manhã a intervenção com que se concluiu a cerimónia de assinatura da Concordata entre Cabo Verde e a Santa Sé, acabou por fazer um parêntesis para lamentar a morte de Mandela.

"Gostaria de poder terminar (a intervenção) elevando o nosso pensamento para Nelson Mandela, um dos grandes filhos da humanidade que ora nos deixa, com saudade e exemplo de humanismo. Honra e glória eterna ao nosso Mandela", afirmou.

Ainda com os jornalistas confusos, pois não havia confirmação oficial da morte do antigo presidente sul-africano, José Maria Neves foi questionado, ainda na cerimónia, sobre o que pensava sobre Mandela, prestando-lhe, depois, homenagem.

"Prestamos um tributo a Nelson Mandela. O Estado de Cabo Verde reconhece o grande contributo de Nelson Mandela à causa da paz, da estabilidade, da liberdade e da democracia no continente africano, sobretudo o grande contributo para o diálogo entre as partes na África do Sul e entre civilizações e culturas na África do Sul e no continente africano", afirmou então.

"É um grande exemplo em termos de exercício de poder. África precisa dessas lideranças, de homens com um grande desapego em relação ao poder e que querem sobretudo contribuir para o aprofundamento das liberdades, para mais democracia, solidariedade e dignidade dos africanos, e que os governos africanos trabalhem para realizarem o bem comum", prosseguiu.

"E Mandela foi uma referência, um exemplo de tudo isto e acho que, neste novo momento africano, os líderes africanos, os governantes africanos devem poder ter Mandela como referência na sua ação para o futuro", terminou.

De imediato, a mesma pergunta foi feita ao secretário para os Assuntos Externos da Santa Sé, monsenhor Dominique Mamberti, que, partindo do pressuposto que Mandela teria falecido, associou-se às palavras de homenagem feitas por José Maria Neves.

"Associo-me às palavras de homenagem do primeiro-ministro de Cabo Verde a Mandela. Queria sublinhar a personalidade muito importante de Nelson Mandela no quadro da criação de uma África do Sul democrática e reconciliada com ela própria", afirmou, para, depois, prosseguir:

"Temos necessidade, no mundo, de pessoas que tenham a coragem de ir além do rancor, das dificuldades, da tensão, para poder dialogar e fazer a paz, lá onde for necessário. Nesse domínio, Mandela foi um verdadeiro exemplo", concluiu.

Mais tarde, e depois de contactados várias vezes pela agência Lusa, os assessores de imprensa do Gabinete do primeiro-ministro cabo-verdiano acabaram por confirmar que Nelson Mandela, 94 anos e internado num hospital, afinal estava vivo.

Pelo meio, a edição 'online' do jornal cabo-verdiano A Semana, o maior do arquipélago, acabou por transcrever as palavras de José Maria Neves, dando azo a uma série de comentários de surpresa e de tristeza pela alegada morte de Mandela.

"O Gabinete do primeiro-ministro assume o desmentido da notícia do falecimento do ex-Presidente da África do Sul, Nelson Mandela, que, em virtude de uma notícia falsa, alegadamente com fonte no Governo sul-africano, terá levado a uma reação pontual do Senhor primeiro-ministro, na sequência do seu discurso na sessão da assinatura do Acordo entre a República de Cabo Verde e a Santa Sé, relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica em Cabo Verde", lê-se no documento governamental.

"Perante a notícia oficial de que o presidente Nelson Mandela continua hospitalizado e em situação crítica, o Governo de Cabo Verde reitera a sua preocupação pela Saúde desse grande líder africano, e estima pronta recuperação", conclui o documento.

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