PJ prende futebolistas como aviso para jogo ilegal

Judiciária deteve cinco atletas de escalões secundários e um elemento dos Super Dragões por alegada ligação a viciação de resultados
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O Ministério Público está a investigar "indícios de irregularidades" num jogo disputado já nesta época desportiva e pediu ao Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos "elementos relativos ao encontro". No entanto, a inspeção não divulga qual o desafio, nem a que divisão pertence. Esta informação foi dada ao DN no dia em que a Polícia Judiciária deteve seis pessoas por suspeitas de envolvimento em combinações de resultados desportivos nas épocas de 2014/15 e 2015/16. Foram ainda constituídos oito arguidos relacionados com uma rede asiática de viciação de resultados.

A segunda parte da operação "Jogo Duplo" serviu também para lançar um aviso aos apostadores numa altura em que as apostas online começam a movimentar muito dinheiro. No total já foram detidas 21 pessoas (15 em maio do ano passado e agora seis). O aproximar de momentos decisivos nos campeonatos profissionais faz que o volume de apostas suba. Aumentando, também, a possibilidade de existirem resultados combinados.

Foi com esta convicção que a Judiciária e o MP concluíram a segunda fase da investigação que ontem envolveu, além das seis detenções - que ontem as edições online dos jornais O Jogo e Record identificaram como sendo Hugo Grilo, Tiago Mota e Pedro Mendes, ex-jogadores do Oriental, Tiago Rosa, ex-Penafiel, Tiago Costa, ex-Académico de Viseu, e Bruno Mendes, da claque do FC Porto Super Dragões -, 16 buscas domiciliárias em Lisboa, Vila Franca de Xira, Ovar, Gaia, Porto, Fátima, Sesimbra, Loures, Santa Maria da Feira, Sanfins e Ermesinde.

Segundo fontes judiciais contactadas pelo DN, nesta ação foi também apreendido diverso material que, segundo a PJ, estava relacionado com a atividade conhecida como match fixing.

Situação que o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol já criticou e em relação à qual pede "tolerância zero", como se lê num comunicado que a entidade presidida por Joaquim Evangelista divulgou. A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) - que tal como a Europol colaborou nesta operação - reafirmou que "Portugal não pode ser terreno fértil para comportamentos e ações criminosas associadas ao futebol" e que por isso "a FPF continuará a trabalhar, no limite das suas competências, para um futebol mais limpo e digno de um país campeão europeu".

Em declarações à Lusa, Pedro Proença, presidente da Liga, disse aguardar com expectativa os resultados da Operação Jogo Duplo: "O nosso posicionamento tem sido de tolerância zero, queremos que haja resultados quanto antes para que, de uma vez por todas, possamos ter um futebol mais puro e mais são."

Os clubes cujos nomes foram envolvidos nas detenções fizeram questão de frisar que os atletas em causa já não estão nos respetivos plantéis. "Os jogadores implicados saíram todos, nenhum ficou no clube. Não quero dizer que sejam culpados. Mas foram afastados e deixaram de pertencer aos quadros do Oriental", disse José Nabais, o líder do clube lisboeta que esta época atua no Campeonato de Portugal. Também o Académico de Viseu fez questão de esclarecer que nenhum futebolista dos quadros da equipa foi detido, o mesmo sucedendo com o Penafiel.

Autoridades investigam um jogo

Questionada pelo DN, a Inspeção de Jogos - que tem a responsabilidade de controlar as licenças atribuídas para a exploração do jogo online à cota - garantiu que desde a primeira licença, a 25 de maio de 2016, só as apostas num desafio levantaram suspeitas. Não adianta qual foi o encontro, mas recorda que "determinou a suspensão das apostas nesse mesmo jogo".

Nesta situação apenas foi noticiado um encontro: o Feirense-Rio Ave, a 6 de fevereiro, para a Liga principal. Um elevado valor de apostas na vitória do Feirense levantou suspeitas e levou ao alerta que fez que os sites legalizados tivessem retirado o desafio do lote de apostas.

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