PJ investiga supeita de serviços fictíticos de consultora aos CTT

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Inquirição. Caso remonta ao tempo em que Carlos Horta e Costa liderava os correios

A Polícia Judiciária realizou, na passada semana, uma busca à empresa de consultadoria Heidrick & Struggles. Em causa estão suspeitas de prestação de serviços fictícios, sobretudo o agenciamento de quadros superiores, por aquela empresa à anterior administração dos CTT, liderada por Carlos Horta e Costa. Uma situação já denunciada num relatório da Inspecção Geral Geral da Obras Públicas (IGOP).

Segundo informações recolhidas pelo DN, a judiciária - que está a investigar vários actos da gestão de Carlos Horta e Costa à frente dos CTT - pretende apurar se os serviços cobrados pela Heidrick & Struggles correspondem, efectivamente, aos prestados pela consultora. Por outro lado, pretende-se ainda saber se o recrutamento de quadros superiores através da empresa (que é uma espécie de "caça talentos" da gestão) obedeceram às regras da contratação pública.

Uma situação já denunciada, em 2006, num relatório da IGOP que, além da venda de dois prédios passou a pente fino outros actos de gestão da equipa de Carlos Horta e Costa. A inspecção do Ministério das Obras Públicas Transportes e Comunicações chegou a falar em "fortes indícios" de que houve facturação de serviços nunca prestados.

Mas, numa resposta à auditoria da IGOP, Carlos Horta e Costa e os ex-administradores Luís Centeno Fragoso e Manuel Carrasqueira Baptista refutaram as acusações. Na resposta à inspecção da IGOP, os ex-administradores afirmaram: "A generalidade das escolhas efectuadas pela empresa contratada, em matéria de gestores de alto nível, revelou-se acertada com grande benefício para os CTT já que se incrementou a eficiência, a produtividade e a qualidade dos serviços prestados". Foi desta forma que a anterior administração procurou justificar as contratações externas de quadro superiores.

Quanto à suspeita de prestação de serviços fictícios, a anterior administração (que exerceu funções entre 8 de Julho 2002 e 31 de Maio 2005) declarou: "Basta atentar na estrutura de recursos humanos, nos níveis mais elevados de gestão, que dispunham os CTT na altura em que o Conselho de Administração cessou funções, para afastar tal insinuação".

A investigação que a PJ tem em curso pretende ainda analisar outros actos de gestão da equipa liderada por Carlos Horta e Costa passíveis de configurarem um crime de gestão danosa. Aquisição de viaturas, prémios de produtividade, despesas com acções de formação internas, sobretudo uma relacionada com o pagamento de cerca de 20 mil euros ao ex-seleccionador nacional Luís Filipe Scolari - são outros assunto abordados pela investigação.

Em declarações ao DN, Rafael Nora, que juntamente com Nuno Vasconcelos é responsável pela Heidrick & Struglles e, através da Ongoing, são accionistas de referência da PT e controlam o Diário Económico, afirmou que foi prestada toda a colaboração à PJ. "Já há dois anos enviámos documentos à Inspecção do Ministério e ao DIAP. Somos uma multinacional com controlo apertado nos procedimentos", diz Rafael Nora, recusando qualquer suspeita.

Ao que o DN apurou, nenhum elemento da anterior administração foi constituído arguido no inquérito. O que, segundo fonte próxima da mesma, pode acontecer nos próximos tempos, tendo em conta que a PJ está já na fase final da investigação.|

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