Pivôs mais jovens também opinam

Um jornal televisivo resulta de uma "discussão de ideias" que começa de manhã.
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A entrevista de José Rodrigues dos Santos ao Público veio relançar a questão: serão os pivôs dos telejornais apenas meros apresentadores de algo que alguém escreveu ou têm interferência editorial nos conteúdos que exibem? Os pivôs mais antigos da televisão, ainda em funções, acumulam, na sua maioria, outras responsabilidades, quer sejam editoriais, de coordenação, ou mesmo de direcção. São os casos, por exemplo de José Alberto Carvalho, na RTP, e de Rodrigo Guedes de Carvalho, na SIC.

Quanto aos mais jovens, têm menos a dizer sobre o conteúdo e alinhamento dos espaços informativos mas, como jornalistas que são, estão à vontade para manifestar a sua opinião.

No entanto, "não se pode comparar um jovem pivô com um José Rodrigues dos Santos [RTP] ou com um Rodrigo Guedes de Carvalho [SIC]", afirmou ao DN Paulo Camacho, ex-editor de Internacional e antigo rosto dos jornais da SIC, que acaba de sair da empresa para a PTM. "Cá em Portugal não há escolas de pivôs à americana", e a experiência e o background são fundamentais. "Quando a Judite de Sousa [RTP] apresenta um jornal, pode pronunciar-se se não estiver de acordo com alguma coisa". Apesar de não ter actualmente responsabilidades editoriais, lembra Camacho, "qualquer direcção deve ter interesse em ouvir o que ela tem para dizer, e valorizar essas opiniões".

"No meu caso, coordenei sempre os jornais que apresentei na SIC, excepto nos dois primeiros anos, e nunca tive que puxar dos galões que coordenador", revelou Paulo Camacho, que afirmou nunca ter tido problemas quanto aos critérios editorais do programa pelo qual dava a cara.

Os textos com que os pivôs apresentam as notícias são recebidos como sugestões, explica Paulo Camacho, e "qualquer pivô é livre de os alterar". "Há sempre a palavra final do coordenador", claro, "ou de um autor de uma peça que chama a atenção para algo relevante que ficou de fora".

Opinião idêntica tem Pedro Pinto, um dos apresentadores do Jornal Nacional da TVI. Aquilo que os telespectadores nâo vêem é que o jornalista também é um dos coordenadores do espaço informativo, algo que afirma ser uma ajuda na condução do programa. "Há um sentir diferente do jornal", confessa. Mas "trabalho com outros pivôs que não têm funções ed torais e que também opinam sobre o alinhamento", afirmou, porque "somos todos jornalistas".

Mas quem decide quais as notícias a apresentar, e como são ordenadas? O conteúdo e a estrutura do Jornal Nacional vão sendo pensadas ao longo do dia, processo que começa logo às 10.30, com uma reunião. Os vários intervenientes - editores, coordenadores, chefe de readacção e direcção de informação - participam sempre na "discussão de ideias", explicou o jornalista da TVI.

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