Arquelogia. As canoas foram encontradas no rio Lima.Pirogas milenares aguardam recuperação .Há vários anos que cinco pirogas milenares, consideradas um dos mais importantes achados arqueológicos em Viana do Castelo, aguardam, em água, por um tratamento que permita a recuperação e consequente exposição pública. Um processo moroso que a autarquia admite que não se concretize a curto prazo.."O tratamento será feito num país nórdico, mas surgiram outros achados que precisam de tratamento e as pirogas vão ter de aguardar uns anos na fila", afirmou Defensor Moura, presidente da autarquia. Tratam-se de pirogas monóxilas - construídas a partir de um único tronco de madeira -, que variam entre 3,85 e 6,61 metros de comprimento, encontradas em vários pontos do leito do rio Lima nos últimos 20 anos. A mais antiga, segundo a datação feita por técnicos - e a conhecer em breve com a publicação do estudo -, terá mais de 2000 anos e as restantes cerca de metade. ."São uma espécie de canoas, escavadas a partir do tronco. Era uma forma primitiva de construir estas embarcações, utilizadas para ligar as duas margens do rio", explicou ao DN o arqueólogo António Cunha Leal. A maioria das pirogas foram achadas na envolvente das freguesias de Lanheses e Moreira de Geraz do Lima, no Lugar da Passagem, inserido no roteiro medieval dos caminhos de Santiago (de Compostela)..A conservação destas pirogas está a cargo do Instituto Português de Arqueologia Subaquática, envolvendo ainda o Ministério da Cultura. "Estão protegidas com um produto para assegurar que não se deterioram. Mas o processo para conservação definitiva não tem sido fácil", admite a autarquia, uma das entidades impulsionadoras da reabilitação. "São pirogas grandes, cujo tratamento será feito em tinas produzidas para o efeito", explica Cunha Leal. O tratamento consiste na desumidificação, consolidação da madeira, para que "não estale" depois do prolongado período de exposição à água. .O objectivo da Câmara de Viana do Castelo é que, depois de reabilitadas, as pirogas fiquem em exposição num novo espaço museológico. "Quando forem tratadas virão para Viana do Castelo. É uma garantia", sustentou Defensor Moura. As canoas ou pirogas talhadas num só tronco de árvore constituem, segundo os especialistas, o tipo de embarcação mais antigo de vários continentes.|