Rota. Com mil pessoas a bordo, o 'Nautica' deixara o Egipto e rumava a Omã, no golfo de Adem.Cada vez mais ousados, os piratas somalis perseguiram e atiraram contra um navio de cruzeiros americano que no domingo navegava no golfo de Adem. A destreza do comandante do Nautica, que se encontrava num corredor patrulhado por vasos de guerra internacionais, foi o factor principal que impediu os piratas de se apoderarem do navio com mais de mil pessoas a bordo - 656 passageiros e 399 tripulantes..A notícia foi conhecida ontem, quando os chefes da diplomacia dos estados membros da Aliança Atlântica discutiam em Bruxelas o combate à pirataria ao largo da costa da Somália..Jurica Brajic, o capitão do Nautica, ao ser confrontado com duas lanchas rápidas que se aproximavam do navio, manobrou em sentido contrário e aumentou a velocidade afastando-se das mesmas o mais rapidamente possível. Ao mesmo tempo, Brajic ordenou aos passageiros para se manterem afastados da amurada do navio..Face à manobra do Nautica, os piratas - que não conseguiam alcançá-lo - atiraram oito vezes contra o mesmo mas não conseguiram atingi-lo nem provocaram feridos..Noel Choong, responsável pelo centro de informação sobre pirataria do Departamento Marítimo Internacional na Malásia, considerou que o Nautica "teve muita sorte em conseguir escapar" e instou todos os navios que tenham de passar pela zona a manterem-se particularmente atentos..Responsáveis da V Esquadra norte-americana, sediada no Bahrain, limitaram-se a afirmar terem conhecimento da tentativa de assalto ao Nautica..Propriedade da empresa Cruzeiros Oceania, sediada em Miami, o Nautica está a realizar um cruzeiro de 32 dias, entre Roma e Singapura, com escalas em vários portos intermédios. Quando foi atacado, tinha deixado o Egipto e dirigia-se para Omã..A operação de domingo não foi a primeira dos piratas contra um navio de cruzeiros: em 2005, tentaram, pelo menos, apresar o Seabourn Spirit quando este se encontrava a 160 km da costa somali. .Este ano, e apesar de vasos de guerra internacionais terem criado uma espécie de cordão de segurança na área, os piratas já realizaram cem ataques e apresaram 40 barcos, 14 dos quais ainda estão em seu poder, assim como mais de 250 tripulantes..É neste pano de fundo que começou ontem, em Bruxelas, uma reunião de dois dias dos ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO para - entre outras questões - discutir o combate à pirataria nas costas da Somália; uma discussão tanto mais urgente quanto uma missão da Aliança há seis semanas na zona não ter conseguido reduzir os ataques.."Estão na região meios navais do Reino Unido, EUA e Rússia, mas a área é tão vasta - mais de 2,5 milhões de milhas quadradas - que é quase impossível parar os piratas se não forem apanhados em flagrante", disse a propósito Mark Fitzgerald, almirante americano e comandante da missão. E Fitzgerald vai mais longe ao enunciar as dificuldades das forças estrangeiras na área. "Do ponto de vista militar, estamos limitados quanto ao que podemos fazer. Como é que provamos que alguém é pirata antes de ele atacar um navio?"|