Pílula dos cinco dias seguintes chega a Portugal em 2010

'EllaOne' pode ser tomada até cinco dias após a relação sexual desprotegida. As alternativas existentes no mercado só evitam gravidez nas primeiras 72 horas e os médicos estão divididos quanto aos seus efeitos.
Publicado a
Atualizado a

No próximo ano chegará às farmácias portuguesas uma nova "pílula do dia seguinte" que pode ser tomada até cinco dias após a relação sexual desprotegida, ao contrário dos três dias dos contraceptivos de emergência que hoje estão disponíveis. Estará à venda apenas com receita médica.

A ellaOne já está disponível nas farmácias da Grã-Bretanha, França e Alemanha, tendo autorização para circular em toda a UE desde 15 de Maio.

A Portugal só deve chegar no próximo ano, segundo o distribuidor no País, a Tecnifar. O Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed) ainda não foi informado sobre a data do início da comercialização do medicamento, que já tem preço aprovado. Custará 33,10 euros por embalagem de um comprimido.

Segundo o laboratório que produz a nova pílula, a HRA Pharma, foram realizados testes clínicos em mais de quatro mil mulheres. E a substância activa do medicamento, ulipristal, garante uma eficácia na prevenção da gravidez até cinco dias após a relação sexual.

Fátima Palma, ginecologista da Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, diz que o novo medicamento será muito útil. "É importante haver uma eficácia garantida por mais dias", afirma ao DN. Opinião partilhada por Duarte Vilar, director executivo da Associação para o Planeamento da Família: "Aumenta as opções de contracepção de emergência e é importante para prevenir a gravidez indesejada."

As três pílulas de emergência vendidas no País com efeito para 72 horas são procuradas sobretudo por mulheres entre os 18 e os 30 anos (63,4% de novas utilizadoras, diz um estudo do CEFAR de 2008). Mas os especialistas dividem-se quanto aos seus efeitos nocivos. Para o ginecologista Miguel Oliveira e Silva, "há uma falsa imagem de que não faz mal, mas estamos a falar de um dose hormonal muito alta num curto espaço de tempo". Este clínico alerta para o risco "de embolias e tromboses" para quem use excessivamente estas pílulas ou tenha antecedentes familiares destas doenças. "Só não há efeitos secundários registados, porque não são reportados ao Infarmed", salienta.

Já Fátima Palma minimiza os efeitos negativos da pílula do dia seguinte. Mas realça: "Não deve ser utilizada como meio de contracepção regular, até porque tem uma eficácia inferior à normal."

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt