Três jovens cientistas viajam hoje de Oliveira do Bairro para a Estónia, onde vão apresentar o EasyPark, um projeto que prevê a instalação de um pilarete automático nos lugares reservados a pessoas com deficiência, para que apenas sejam usados por essas pessoas. Do Porto, três estudantes levam um fungicida feito à base de uma alga presente na costa portuguesa, que permite combater a doença da tinta em espécies florestais como o castanheiro. Depois de se terem destacado na 11.ª Mostra Nacional de Ciência, os dois projetos vão participar no Concurso da União Europeia para Jovens Cientistas (EUCYS), que decorre até quarta-feira em Tallinn, na Estónia..Luís Pinto, Olavo Saraiva e Beatriz Bastião, alunos da Escola Secundária de Oliveira do Bairro, vão em representação do EasyPark, projeto desenvolvido no âmbito da disciplina de Inglês, que ganhou o 1.º Prémio na categoria de Engenharia na Mostra Nacional de Ciência. Foi a pensar em pessoas como a Beatriz, que dependem de uma cadeira de rodas, que a ideia surgiu. "É muito fácil ir a um supermercado, por exemplo, e ver que os lugares prioritários são usados por outras pessoas, que não têm qualquer tipo de handicap", diz Olavo Saraiva, de 16 anos..De acordo com os estudantes, a ideia é colocar nos lugares de estacionamento prioritário um pilarete, que fica acima do solo sempre que o lugar estiver vago. Equipado com sensores de movimento e leitor de matrículas, o dispositivo identifica a matrícula do carro que se aproxima e, caso esta esteja na base de dados de automóveis autorizados a estacionar nesses lugares, o pilarete responde e desce. Desta forma, explicam, os lugares prioritários ficam livres para aqueles que realmente precisam e as pessoas fisicamente saudáveis são obrigadas a agir corretamente.."O objetivo é aumentar a independência de pessoas portadoras de deficiência física, que por vezes não podem ir a determinados sítios, porque os seus lugares estão ocupados por pessoas que não deviam usá-los. Ao instalar o pilarete, mostramos que aquele lugar é importante para as pessoas que dele necessitam", destaca Luís Pinto, de 17 anos, acrescentando que "se as pessoas fossem civilizadas, isto não seria preciso"..Há vários anos que no Colégio Luso-Francês, no Porto, se fazem estudos com algas, razão pela qual, há três anos, um grupo de alunos decidiu tentar usar algas para combater "a Phytophthora cinnamomi, um oomiceta que não reage a qualquer fungicida comercialmente disponível e que se encontra incluído na lista dos cem fitopatogénicos exóticos invasores mais prejudiciais a nível mundial". Francisca Martins, Eduardo Nogueira e Gabriel Silva simplificam: "É um pseudofungo." A ideia, explicam, era "combatê-lo de forma natural, usando as algas para reforçar o sistema imunitário das plantas"..Em parceria com a UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, o grupo testou algas vermelhas, castanhas e verdes, tendo chegado à conclusão de que as vermelhas eram as melhores. "A macroalga Corallina sp. [nativa] inibiu o crescimento fúngico em 63%", adianta ao DN Francisca Martins, de 18 anos, que é agora colega do Eduardo no curso de Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar..Segundo Gabriel Silva, que iniciou agora a licenciatura em Engenharia Metalúrgica e de Materiais, "a praga que se está a tentar combater não tem cura e causa prejuízos de milhões em Portugal, mas também afeta outros países da bacia do Mediterrâneo, que muitas vezes não têm meios para a combater". Francisca explica que o "pseudofungo começa por atacar as raízes mais finas, causa necroses e em dois ou três anos a árvore morre, porque não tem capacidade de se alimentar". Fala em prejuízos na ordem dos 60 milhões de euros por ano na produção da castanha, mas esta é uma praga que "afeta dois milhares de espécies"..Representar Portugal lá fora.Organizado pela Comissão Europeia, o concurso conta com a participação de cerca de 150 jovens cientistas de 38 países, que apresentam projetos das mais variadas áreas da ciência. "Não é todos os dias que se representa Portugal lá fora", destaca Luís Pinto. Além de conseguir a melhor classificação no concurso, o grupo, que frequenta agora o 12.º ano, espera continuar "a desenvolver o pilarete". Já os jovens cientistas do Porto, que entretanto se tornaram universitários, estão a fazer a "caracterização química da alga para ver os componentes mais ativos no combate ao fungo", de forma a tentar criar uma solução que o iniba totalmente, uma vez que, a longo prazo, não seria viável usar a alga. "Podia até levar à sua extinção na costa." Estes jovens cientistas admitem "ter de passar a pasta" a outros estudantes do colégio, mas esperam manter-se ligados ao projeto.