Peter Gabriel na vanguarda da música 'online' gratuita
Pioneiro. A ideia é simples: quem paga fica com a música, quem não paga fica com a música e a obrigação de ouvir um anúncio publicitário. Em ambos os casos, o pagamento de direitos é assegurado. É assim o We7, site criado por Peter Gabriel. Depois da Sony BMG, é a vez de a Warner Music aderir à ideia
As hipóteses são duas: pagar pelo download da música que se deseja ou recebê-la gratuitamente, mas com um pequeno anúncio publicitário no início do áudio. O modelo de negócio foi lançado por Peter Gabriel há pouco mais de um ano com o site We7 e começa agora a dar sinais de ser uma aposta ganha. Depois de em 2007 ter assinado acordo com a Sony BMG, permitindo aos seus utilizadores o acesso livre a meio milhão de canções do catálogo da editora, e de já este ano ter anunciado um reforço de investimento de quatro milhões de euros (parte do bolso do próprio Gabriel), o We7 consegue agora acordo com a Warner Music para que também esta major disponibilize o seu catálogo.
O We7 promete assim ser uma resposta sólida e rentável à grande questão com que se debate o mercado da música. A saber: como conciliar uma procura cada vez mais avessa a pagar pelo que consome, sem deixar de assegurar o pagamento de direitos devidos a autores e intérpretes. A solução encontrada por Peter Gabriel e os seus sócios foi a de criar um serviço de streaming de músicas financiado por publicidade - através da reprodução de anúncios com a duração de dez segundos no início de cada tema. Isto, porém, sem deixar de oferecer o serviço clássico de compra, permitindo o download de música em formato Mp3, livre de publicidade e de DRM (Digital Rights Management, sistema que limita o número possível de reproduções de um ficheiro áudio).
Mas não é tudo. Além destes dois serviços, o We7 aposta em oferecer valor acrescentado e o acordo agora firmado com a Warner abrange a comercialização de produtos exclusivos, como sejam edições especiais de álbuns de artistas da editora, integrando temas adicionais, faixas de vídeo ou booklets interactivos. Uma inovação que, no entanto, ainda se fará esperar um pouco mais, uma vez que o património da Warner Music só deverá ser introduzido no serviço de música financiado por publicidade a partir de Outubro.
Até lá, a maior parte do catálogo do We7 continuará a ser constituído por artistas sem contrato. E essa é outra das características diferenciadoras deste site e talvez a que melhor evidencia a marca pessoal de Gabriel no projecto: o facto de aliar um modelo de negócio à ideia de "rede social" - praticada já por muitos sites independentes -, promovendo artistas que gravam por sua conta e risco sem o apoio de qualquer editora. Uma aposta que, de resto, já resultou em casos de sucesso global.
Peter Gabriel conseguiu assim, em pouco mais de um ano, reunir os catálogos de duas das maiores editoras do mundo - Warner e Sony BMG - e ainda de um punhado de importantes distribuidoras digitais como IRIS, InGrooves e BFM Digital. Resta saber se o seu nome e a capacidade visionária de iniciativa que sempre demonstrou serão suficientes para alcançar acordos semelhantes com a EMI e a Universal Music, conseguindo assim, pela primeira vez, reunir os catálogos das quatro majors num mesmo serviço de música online. |