Pessoa(s) do ano 2017: todas as que denunciaram crimes sexuais

Famosos e desconhecidos que tenham denunciado abusos e que conseguiram partilhar essa indignação, tornando-a viral. A revista Time nomeou-os a todos Pessoa do Ano
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São os "quebradores de silêncio" e pertencem a "todas raças, todos os credos, a todas as profissões e a todas as camadas da sociedade". Pela "influência" que a sua raiva, contra abusos sexuais cometidos, conseguiu obter em todos os cantos do mundo, são estes os vencedores do galardão que é entregue todos os anos pela revista Time.

A atriz Ashley Judd foi a primeira mulher a denunciar os abusos sexuais do produtor de Hollywood Harvey Weinstein. Depois dela, muitas outras mulheres (e homens) perderam o medo e denunciaram o assédio e abuso sexual de que tinham sido vítimas.

Também este ano a hashtag Me Too inundou as redes sociais como forma de mostrar ao mundo a dimensão do problema e de como este afeta milhares de pessoas (homens e mulheres) no mundo inteiro.

Foram várias as atrizes e outras personalidades que foram fotografadas para a publicação e que falaram sobre os casos em que foram vítimas de assédio e abuso sexual.

Além de Asley Judd, também as atrizes Alyssa Milano e Selma Blair, a artista Tarana Burke, a senadora Sara Gelber, a ativista Rose McGowan, a cantora Taylor Swift e a jornalista Megyn Kelly foram outras figuras públicas que participaram na sessão fotográfica e deram o seu testemunho.

O artigo da Time não se focou apenas em mulheres famosas. Também homens, como o diretor Blaise Godbe Lipman e o ator Terry Crews aceitaram ser o rosto das vítimas de assédio, representando o lado masculino.

Donas de casa, apanhadoras de morangos e outras trabalhadoras indiferenciadas, de várias raças e religiões, emprestaram a sua imagem e contaram as suas histórias, em nome de todos os anónimos e anónimas vítimas de crimes sexuais.

Esta denúncia global "é a mudança social mais rápida a que assistimos em décadas", disse Edward Felsenthal, editor da Time, quando anunciou esta quarta-feira a escolha de "Personalidade do Ano", deixando para trás figuras como o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o Presidente da China, Xi Jinping, e o jogador norte-americano Colin Kaepernick.

O caso mais mediático foi mesmo o do produtor norte-americano Harvey Weinstein, acusado de assédio e abuso sexual por mais de oitenta mulheres, entre as quais várias estrelas de Hollywood.

Depois destas denúncias, através de investigações pelo jornal The New York Times e a revista The New Yorker, e que levaram Harvey Weinstein a ser despedido da empresa que cofundou e à sua expulsão de várias associações e organizações, nomeadamente da Academia de Hollywood, outros casos foram surgindo.

Entre os acusados de assédio e abusos sexuais, mas também de má-conduta sexual, estão atores como Kevin Spacey e Dustin Hoffman, o ex-presidente da Amazon Studios Roy Price, os realizadores Brett Ratner e James Toback, os jornalistas Charlie Rose, Glenn Thrush e Matt Lauer, o fotógrafo Terry Richardson e o comediante norte-americano Louis C.K..

No Reino Unido, o deputado Kelvin Hopkins, do Partido Trabalhista, foi suspenso por alegado assédio sexual, o ministro da Defesa, Michael Fallon, demitiu-se por comportamento impróprio com uma jornalista, e outros dois ministros foram acusados de assédio.

No início desta semana, a Ópera Metropolitana de Nova Iorque suspendeu toda a colaboração com o maestro James Levine, alvo de denúncias de agressões sexuais.

Roy Moore, o candidato republicano a senador pelo Estado do Alabama, nos EUA, foi denunciado por assédio sexual de menores, mas mantém a candidatura, com apoio público do presidente Donald Trump, embora o Partido Republicano já tenha pedido a sua renúncia às eleições de 12 de dezembro.

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