Perigos de guerra civil
O presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, admitiu que a situação do país "é pior do que a guerra civil" dos anos 60. Falando numa cerimónia religiosa em honra das forças armadas, o líder nigeriano afirmou que o grupo islamista Boko Haram, responsável por ataques mortíferos contra cristãos, tem apoios e simpatias nos órgãos do poder.
"Alguns deles estão no executivo, alguns estão no parlamento, outros atuam no seio do sistema judicial, outros ainda nas forças armadas, polícia e serviços de segurança", disse Goodluck Jonathan, que é cristão. A guerra civil, conhecida por guerra do Biafra, provocou um milhão de mortos.
A instabilidade na Nigéria deve-se sobretudo ao surto de violência religiosa no norte do país, mas muitas pessoas estão a protestar contra o fim dos subsídios para combustíveis, que tornava a gasolina mais acessível. A medida foi anunciada a 1 de Janeiro e é a causa de uma greve geral marcada para amanhã, que já provocou escassez de carburante, devido ao açambarcamento. O governo diz que vai poupar 8 mil milhões de dólares, cerca de 6 mil milhões de euros.
As estações de serviço estão vazias porque muitos nigerianos correram a encher os depósitos. A Nigéria é o maior produtor de petróleo em África e os protestos devem-se ao facto das pessoas considerarem o combustível subsidiado como único fruto dessa produção, que beneficia sobretudo a elite corrupta.
O conflito social pode aumentar a insegurança, mas a Nigéria enfrenta sobretudo uma onda de violência de caráter religioso. Os ataques dos radicais do Boko Haram visam a comunidade cristã e sucedem-se desde o Natal, tendo provocado mais de 80 mortos no norte do país, onde a maioria da população é muçulmana.
O ultimato do Boko Haram para a saída de todos os cristãos dos estados a norte terminou na quarta-feira e sucederam-se os atentados, o pior dos quais em Mubi, onde morreram 17 cristãos. Em outro ataque, dois homens numa motorizada mataram seis pessoas que jogavam às cartas nas proximidades de uma igreja, ferindo uma dezena. Os dirigentes locais falam em padrão de limpeza étnica e religiosa.