PERFIL: O "comando" do 25 de Novembro que chegou a general
Jaime Alberto Gonçalves das Neves nasceu na freguesia de São Dinis, no concelho de Vila Real, em Março de 1936, tendo entrado na Escola do Exército em 1953 e feito cinco missões de serviço em África e na Índia.
Filho único de um polícia e de uma doméstica, completou o liceu em Vila Real com boas notas. Chegou a inscrever-se na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, mas acabaria por ingressar na Escola do Exército, onde teve como colegas de curso Ramalho Eanes, Melo Antunes, Loureiro dos Santos e Almeida Bruno.
A partir do segundo ano, transferiu-se para a Academia Militar, em Lisboa, e terá sido nesta época que começou a "construir" a reputação de boémio que viria a ser destacada na sua biografia "Homem de Guerra e Boémio", da autoria do professor universitário e antigo comando Rui de Azevedo Teixeira, lançada em novembro.
Terminado o curso, o já alferes Jaime Neves partiu para Moçambique em 1957, instalando-se em Tete com a missão de dar formação aos soldados nativos. Em Março de 1958, partiu para a Índia.
Durante o 25 de Novembro de 1975, Jaime Neves liderava o regimento de Comandos da Amadora, uma das unidades militares que pôs fim à influência da esquerda militar radical e conduziu ao fim do PREC (Processo Revolucionário Em Curso).
Foi Jaime Neves que liderou o ataque dos comandos ao quartel da Calçada da Ajuda, em Lisboa, onde obteve a rendição das chefias da Polícia Militar.
Em 1995, foi condecorado pelo então Presidente da República, Mário Soares, com a medalha de grande-oficial com Palma, da Ordem Militar da Torre e Espada, do valor, Lealdade e Mérito.
Na reserva desde 1981, Jaime Neves era um dos mais medalhados comandos do Exército, tendo-se reformado com a patente de coronel.
Mais tarde seria promovido a major-general, num processo que causou polémica entre os militares, que contestaram o fato de este tipo de promoção, apesar de prevista no estatuto militar, nunca ter sido utilizada para promover um oficial na reforma, sobretudo, a um posto de topo.
A polémica foi tanto maior por a promoção ter coincidido com as celebrações do 35.º aniversário do 25 de Abril e por nenhum dos oficiais do 25 de Abril ter sido objeto de tratamento idêntico.
Além dos militares, também o Partido Comunista, se insurgiu com a promoção.
Jaime Neves desvalorizou as críticas e respondeu: "Os cães ladram, a caravana passa".