PERFIL-Kim Dae-jung, de dissidente a Presidente da República
Como deputado da oposição pró-democracia, Kim ganhou reputação como defensor incansável dos direitos humanos e da democracia contra as ditaduras militares sul-coreanas.
Sobreviveu a várias tentativas de assassínio, incluindo um dramático rapto por agentes sul-coreanos num hotel de Tóquio, em 1973, onde se refugiara após a imposição da lei marcial na Coreia do Sul.
Kim é então reconduzido ao seu país, onde foi esteve preso ou sob residência vigiada até ao assassínio do presidente Park, em 1979.
O poder foi rapidamente retomado por uma junta militar chefiada pelo general Chun Doo-Hwan, que manda prender Kim antes de o condenar à morte sob a acusação de sedição.
A pressão internacional acabaria por levar à sua libertação depois de ter passado dois anos e meio na prisão e à sua partida para o exílio nos Estados Unidos.
Em 1985, regressa à Coreia do Sul para encabeçar manifestações pró-democracia que pressionam o governo a adoptar reformas e a permitir eleições presidenciais directas. Ganha-as em 1998 e é então que inicia a sua política de abertura em relação à Coreia do Norte.
Como presidente, entre 1998 e 2003, foi o arquitecto da "Sunshine Policy" (Política do raio de Sol), que visava uma aproximação com a Coreia do Norte como meio de encorajar a reconciliação.
Os seus esforços resultaram no degelo das relações entre os dois países e culminaram com uma histórica cimeira Norte-Sul, a primeira na dividida península, e um encontro em Pyongyang com o líder Kim Jong Il, em 2000.
Essa política, inspirada no líder alemão ocidental Willy Brandt, valeu-lhe o Prémio Nobel da Paz naquele ano.
Kim nasceu numa família de classe média agrícola de uma pequena ilha da província de Jeolla, no sudoeste, quando a Coreia estava ainda sob domínio japonês.