Cientistas desmentem factos de Trump para justificar rasgar acordo de Paris

Números apresentados pelo Presidente dos EUA foram "escolhidos a dedo" e não representam a realidade
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As justificações de Donald Trump para abandonar o Acordo de Paris estão a ser questionadas por cientistas.

Depois de Trump dizer que, mesmo que o acordo estivesse totalmente implementado, teria apenas um impacto "pequeno, pequeno", investigadores afirmaram à BBC que o Presidente dos EUA estava a "escolher a dedo de forma extrema" os dados que estava a apresentar.

Os especialistas afirmam que o Acordo de Paris pode fazer a diferença entre níveis toleráveis e níveis perigosos de aquecimento.

Apesar de muito do seu discurso ter sido baseado no negativo impacto económico do acordo, Trump também falou do impacto direto das medidas na temperatura.

"Está estimado que apenas baixaria a temperatura em dois décimos de um grau celsius em 2100", afirmou no seu discurso. "Pequena, pequena quantidade", acrescentou.

Cientistas apressaram-se a questionar as afirmações do Presidente dos EUA. "Isto é escolher a dedo no seu extremo", disse Niklas Höhne, professor que trabalha no Climate Action Tracker, que monitoriza os níveis de emissão.

"Ele [Trump] escolheu o estudo que tem o menor impacto do Acordo de Paris no aumento global da temperatura", um dos motivos para que Höhne afirme isto é que o estudo "assume que os países parem com as medidas em 2030 e voltem para grandes emissões".

"Pensamos que isso é irrealista porque os países que implementaram o Acordo do Paris deverão muito provavelmente continuar com políticas semelhantes", explicou.

Num outro estudo, realizado no MIT, os mesmos investigadores que Trump cita chegaram à conclusão que um grau de aquecimento poderia ser evitado se todos os países cumprissem as promessas do Acordo de Paris.

Já o Climate Action Tracker fala em oito décimos de um grau, caso o acordo fosse cumprido.

"É um impacto considerável e é a primeira vez desde 2009 que vemos uma tendência de descida considerável nas temperaturas. Isto, para mim, é o ponto forte do Acordo de Paris", frisou Niklas Höhne.

Existem teorias de que a simples retirada dos EUA do Acordo de Paris possa aumentar 0.3 graus ao aquecimento global, mas estas são negadas por alguns especialistas. Höhne explica que o impacto causado pela decisão de Trump até pode ser inferior ao pensado inicialmente.

"Os Estados mais progressivos e as empresas vão compensar Trump", disse, fazendo referência ao uso de energia renováveis por grandes empresas.

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