Penthouse ou White House: Trump queria era ficar em casa

Serviços secretos desaconselham que presidente eleito fique na Trump Tower nas visitas a Nova Iorque e alertam para o "pesadelo" que seria garantir a segurança num edifício público.
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Antes de Barack Obama tomar posse, surgiram dúvidas sobre se Michelle ficaria em Chicago, onde as filhas estavam a meio do ano escolar. Mas a 20 de janeiro de 2009 foi toda a família a mudar-se para a Casa Branca. Passados oito anos, Donald Trump parece ele próprio reticente em trocar os dourados da penthouse da Trump Tower, na seleta Quinta Avenida de Nova Iorque, onde vive desde 1983, pela residência oficial do presidente, em Washington. Mas deverá ser obrigado a fazê-lo.

Desde a noite das eleições - e até 21 de janeiro, dia a seguir à tomada de posse do novo presidente - que as autoridades americanas estabeleceram uma zona de exclusão aérea sobre o centro de Manhattan, onde fica a Trump Tower. Aviões, helicópteros e drones estão proibidos de sobrevoar a zona abaixo dos 3000 pés e num raio de duas milhas em torno do edifício. Mas como presidente, Trump dificilmente poderá continuar a viver ali. "É uma grande preocupação ele não continuar ali, porque seria muito mais difícil protegê-lo", explicou fonte dos serviços secretos ao tabloide New York Post. Ao contrário da fortaleza que é a Casa Branca, protegida por vários níveis de segurança, a Trump Tower é um edifício público, onde funcionam lojas, escritórios e apartamentos, sendo impossível controlar todos os que entram e saem. E garantir a segurança do presidente, mesmo em curtas estadias, seria "um pesadelo", explicou ao mesmo jornal um dos agentes já destacados para proteger Trump.

Segundo o New York Times, Trump estará a negociar quantas noites por semana terá mesmo de passar na Casa Branca. O jornal avança que o presidente eleito pretende seguir o modelo dos congressistas: passar a semana em Washington e regressar a Nova Iorque ao fim de semana. Ou a um dos seus resorts, como o Mar-a-Lago, em Palm Beach. Certo para já é que Melania, a terceira mulher do milionário, se mudará para a capital federal com ele, enquanto o filho de ambos, Barron, de 10 anos, ficará em Nova Iorque até ao final do ano letivo.

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A paixão de Trump pela penthouse que ocupa no 58.º andar da torre que mandou construir e à qual dá nome é tal que durante a campanha para as presidenciais de dia 8 chegava a voar longas hora no avião pessoal para ir dormir na sua cama. Todos os dias, o magnata do imobiliário levanta-se às 05.00 e começa o dia a ler os jornais e a ver as notícias na televisão antes de, por volta das 10.00, apanhar o elevador pessoal (aquele onde tirou a fotografia com o britânico Nigel Farage, o líder do UKIP, depois da sua vitória) para o 26.º piso, onde fica o seu escritório.

Trump está habituado à decoração de estilo Luís XIV, aos mármores e aos dourados revestidos a ouro de 24 quilates do seu apartamento. Quem chega tem de passar por uma porta decorada com ouro e diamantes. No interior esperam-no tetos de vidro ou com frescos inspirados na mitologia grega, sofás em tons pastel, pufes, estátuas, lustres de cristal e plantas de ar exótico. Uma decoração criada especialmente para Trump pelo designer Angelo Donghia, conhecido como o Yves Saint Laurent dos sofás. As janelas, enormes, oferecem uma vista sobre toda Manhattan - do Central Park ao One World Trade Center.

Com uma fortuna avaliada pela Forbes em 3,7 mil milhões de dólares - mas que o próprio garante ser mais do dobro -, Trump gosta de referir que é "muito, muito rico". Um facto que não é inédito num presidente dos EUA - do primeiro, George Washington, a John Kennedy, passando por Theodore Roosevelt ou Herbert Hoover. Este último, tal como Trump, recusou receber o salário de presidente, preferindo doá-lo para caridade.

Mas é verdade que se alguns ex-presidentes americanos tinham fortuna, nenhuma se comparava à de Trump, mesmo atualizadas aos valores atuais. Talvez por isso o republicano não pareça impressionado com a mudança para a Casa Branca. Esta foi mandada construir por George Washington em 1791, mas o primeiro presidente nunca lá viveu. O seu sucessor, John Adams, foi o primeiro a mudar-se, em 1800, para a residência então conhecida como Palácio do Presidente, com as obras ainda a decorrer. Incendiada pelas tropas britânicas em 1814 durante a guerra, foi com Theodore Roosevelt, em 1901, que se passou a chamar simplesmente "White House", a casa branca.

A mansão de estilo neoclássico tem várias alas, a mais famosa, a West Wing, abriga a Sala Oval e os gabinetes da equipa do presidente. No início do mês, Obama mostrou pela primeira vez fotografias da parte privada, onde vive com a família.

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