Pegada de carbono zero vale prémios internacionais

Cravados na serra do Leomil, em pleno Douro Sul, os sustentáveis Moinhos da Ti Antoninha são um verdadeiro exemplo.
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Aqui a vida corre tranquila e bucólica, como as águas da ribeira que enquadram estes antigos moinhos, de água, que apenas um olhar atento consegue descobrir, tal o enquadramento na paisagem. E o que torna tão especial este turismo em espaço rural que adaptou três moinhos e que em tão pouco tempo já foi galardoado com dois prémios europeus e alvo de inúmeros artigos na imprensa estrangeira? "Somos eco suficientes, não deixamos pegada ecológica e temos responsabilidade ambiental", comenta o proprietário. Há oito anos que Eduardo Rocha "tinha na cabeça a ideia de um alojamento ambientalmente sustentável, uma mais-valia no caminho para um turismo de qualidade".

Os três moinhos e a casa de apoio foram reabilitados e convertidos em alojamento. Dispõem de forno, cozinha típica e moinho recuperado. O sítio envolve-nos em paz serena e só o descanso fica bem a quem aqui chega, longe da civilização, que, "por vezes, até preocupa os hóspedes pela falta de ruído", brinca. Localizado em plena Região de Turismo do Douro Sul, este refúgio é um exemplo digno do respeito pelo meio ambiente.

Os Moinhos dispõem de um sistema independente de produção de energia eléctrica, foto voltaica e hídrica que, "à semelhança dos originais, aproveita a água da ribeira do Valongo e uma levada". Tudo, cablagens incluídas, "afastado do casario para preservar a paisagem rural envolvente". No final de cada dia "emitimos zero de carbono, cumprimos na íntegra os compromissos de Quioto e já começamos a tirar partido na cativação de hóspedes".

A piscina fluvial natural é filtrada por plantas aquáticas, sem qualquer recurso a produtos químicos para o tratamento de águas. Um "exemplo de sustentabilidade no turismo, com potencial de transmissibilidade e que ajuda a combater a desertificação do interior". Tudo o que é alimentos "são oriundos da região, perfeitamente naturais e em sintonia com os requisitos legais", adianta.

Os Moinhos da Tia Antoninha receberam, por duas vezes, o prémio Chave Verde, que o certifica como "Empreendimento Turístico Sustentável", atribuído pela Associação Bandeira Azul da Europa. E receberam o Prémio de Inovação em Desenvolvimento Rural, da Semana Verde da Galiza. Este é verdadeiramente um case study. Acolhimento aos hóspedes e gestão do complexo ocupam tanto tempo ao proprietário como as viagens que faz para "apresentar o projecto".

Os três moinhos oferecem seis quartos, todos baptizados com os nomes antigos: quarto das filhas, do forno, das alfaias e até do curral e um apartamento. Cada um tem a sua decoração própria, um espaço exterior privado e vista panorâmica. Equipados com pisos de madeira, incluem televisão por satélite, Internet e comodidades para preparar café. Um generoso pequeno-almoço é servido todas as manhãs e o jantar está disponível, mediante pedido.

A responsabilidade ambiental por aqui é levada a sério e reconhecida, dentro e fora de portas. "Essa é a grande aposta", salienta Eduardo Rocha, que lembra que "há mercados, como o nórdico e até o espanhol, que já procuram saber e ter cuidado em escolher destinos que não bulhem com a natureza".

O hotel foi um dos dez projectos europeus seleccionados como case studies no Fórum Europeu de Turismo e escolhido pela Universidade de Trás-os-Montes para ser estudado como caso de boas práticas de inovação em áreas rurais. O empreendimento faz parte de uma rede internacional e restrita de empreendimentos turísticos responsáveis ambientalmente e presentes em países como a Dinamarca, França, Bélgica, Holanda, Estónia, Lituânia, Suécia, Gronelândia, Chipre, Itália e Marrocos.

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