PEDRO PAIXÃO - «Cheguei quase»

A pretexto de Imagens Proibidas, um livro e uma exposição, Pedro Paixão desata a conversa e fala de amor e de morte e de mulheres e de sexo e de histórias. Obsessões de um homem talvez um pouco inteligente de mais, que sempre usou óculos e por isso teve uma infância infeliz, mas que encontrou nas mulheres a salvação e na escrita um sentido para a vida, que em si não tem sentido. Se tivesse de lhe dar um título, seria o desta entrevista.
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De boné preto pendurado na mão, Pedro Paixão assume o papel de guia pelas suas Imagens Proibidas, título do último livro e da exposição de fotografias, dadas a ver na Galeria Pente 10, em Lisboa, até 31 de Julho. Destaca a genialidade da solução encontrada para as molduras, caixas pretas dentro das quais estão pedaços de mulher e momentos fugazes de sexo e prazer fixados de modo algo impressionista pelo escritor-fotógrafo. No piso de baixo, frases escritas a branco e vermelho sobre fundo preto são o outro lado da exposição. Fotografias escritas, segundo Paixão, que as retirou do livro e as transformou em obras de arte. «Muito bom. Muito caro» é a única que já está vendida. E a mais cara. Porque é que isso não nos surpreende? Quando nos sentamos para a entrevista, Pedro Paixão põe um ar atormentado e pergunta: «Não queres fazer isto por e-mail?» Não.
Que imagens são estas, que livro é este?
A Catarina Ferrer, dona desta galeria [Pente 10], que é a única em Portugal dedicada exclusivamente à fotografia, perguntou-me se eu queria expor fotografias, coisa que nunca me tinha passado pela cabeça. Não sou fotógrafo de profissão, aliás de profissão não sou nada, nem escritor. Não tenho profissão, tenho jeitinho para fazer algumas coisas, umas saem melhor, outras pior. Aceitei e a razão por que o fiz foi o medo. Quando a Catarina me desafiou, fiquei cheio de medo, achei que não era capaz, mas aquilo de que mais gosto é de vencer o medo. É o medo que me move. E eu tenho muito medo. Sou um medroso.

Tem medo de quê?
Sobretudo de mulheres.
E, no entanto, fotografou-as.
Sim, as fotografias desta exposição resultam da minha fixação absoluta, da minha idolatria completa pelas mulheres, pelo sexo das mulheres, o tema do costume.
O que é que as mulheres têm?
Há um provérbio chinês que diz que as mulheres não são metade do céu, são o céu inteiro, e eu gosto que assim seja. Será pela minha educação ou pela minha família – a minha irmã, a minha mãe –, mas a mulher para mim é tudo: é mais bondosa, mais frágil, mas mais valiosa, mais importante, mais inteligente, sem dúvida. E sexualmente muito mais activa do que o homem.

Não é o que dizem os psiquiatras e os sexólogos.
Devem ser panascas. Não percebem nada. Toda a gente sabe que é o contrário. Mas não vamos falar sobre isso... Hoje tenho de ir fotografar duas raparigas, estou doido. Duas.

Então?
Mandam-me e-mails, dizem que viram a exposição, que acharam muito sensual e que seria uma grande honra serem fotografadas por mim. Insistem. E eu gosto de dar prazer às mulheres.

O que é que captura com as suas fotografias? Almas?
Não, o sexo é caos. O que capturo com as fotografias cujo tema é sexo são detalhes, momentos, coisas fugazes. O prazer nunca se retém, está sempre a desfazer-se. O ser está em deixar de ser e as fotografias servem para fixar essa fugacidade. Uma personagem deste meu livro diz que as imagens são pornográficas e outra responde: «Não, não são pornográficas, lembram pornografia.» As fotografias lembram sempre alguma coisa. As de que eu gosto integro numa história, e é a historia que lhes dá sentido.

Através da fotografia caça momentos. E através da escrita, caça vidas?
No fundo é sempre isso, é a ilusão de que se vai fixar para a eternidade qualquer coisa do tempo que desapareceu. É uma ilusão. Mas as pessoas vivem de ilusões. É isso que faz um escritor: tentar combater a morte; imortalizar. Claro que a morte vence sempre, mas enquanto não desaparecer completamente ando aqui à pancada, a tentar dar sentido à vida, que não tem sentido.

Porque é que não tem sentido?
O sentido é o que nós fazemos dela. A vida dá apenas possibilidades, nós é que temos de fazer delas realidades. As possibilidades em si não são nada.

Diz que, na sua vida, nas mais diversas situações, está sempre a recolher material para a sua escrita.
É para não deprimir. Estou sempre a trabalhar.

Mas o que é que isso faz de si? Alguém que está sempre em dois planos, aquele em que vive e aquele em que observa, como se estivesse a olhar para si próprio de fora...
Nos sonhos isso acontece imensas vezes e escrever é exactamente a mesma coisa.

Não é estranho?
Muito estranho. É como se houvesse uma parte que já tivesse morrido e outra que continuasse viva. Para falar da vida, tenho de me distanciar dela e por isso esse que se distancia da vida de certa maneira já está morto. A filha do Thomas Mann dizia que, quando via o pai, via sempre dois, um que estava vivo e um que estava morto. Demorei muito tempo a perceber isso, mas agora percebo perfeitamente. Já não sou capaz de andar de carro por andar de carro, tenho de ir com uma história. Pode ser só o começo ou o fim, mas não vou só a guiar o carro, senão entro em depressão profunda. Guiar o carro é uma coisa completamente estúpida. Tem de ser porque vou beijar uma rapariga cujos lábios sabem a frutos silvestres, senão não carrego no acelerador.

É isso que dá sentido à sua vida?
Há muitas outras coisas, mas sim, sou viciado em histórias e desde muito cedo. Tive uma infância triste e infeliz e entretinha-me comigo mesmo. É uma espécie de onanismo, o prazer consigo próprio, as fotografias também são um bocadinho onanistas, não é? [suspira].

O Pedro Paixão que aparece e dá entrevistas e que as pessoas conhecem é uma personagem sua ou existe mesmo?
Não sei. O que eu sei, o que sinto, é que esse Pedro Paixão está cada vez mais longe de mim. É como se fosse uma marca. É como se fosse um vizinho que vive no quinto andar, sei quem é, mas não me dou lá muito bem com ele. Há qualquer coisa nossa que não se pode partilhar com ninguém e, quanto mais essa fama cresce, mais essa solidão cresce também. Estou cada vez mais sozinho. Demorei muito tempo a perceber porque é que o John Lennon, quando estava em Nova Iorque, dizia que não tinha ninguém com quem ir almoçar, não tinha um amigo. Eu também não tenho.

Não tem amigos?
Não, mas tenho várias amigas.

Nem um único lhe resta?
Não, por acaso tenho um, mas está longe, está em Oxford.
Nos últimos anos tem estado cada vez mais recluso e só.

Como é que encontra matéria para a escrita?
Primeiro, porque tenho imensa memória, a memória é infinita, e depois porque vão acontecendo algumas coisas, de quando em quando. Agora as pessoas querem ser fotografadas por mim... É curioso, gosto disso: esta exposição de fotografia está a provocar coisas. Uma pessoa que vê uma exposição e quer ser fotografada pelo autor: é muito bonito, acho eu.

Os seus livros também sempre provocaram reacções. A noção disso é menor do que com a fotografia?
Não, não. Lembro-me perfeitamente, quando saiu o meu primeiro livro – A Noiva Judia –, o texto que dá o título ao livro é muito violento e muito real. Nessa altura, vivia com o Miguel Esteves Cardoso e disse-lhe: «Ó Miguel, eu publico isto e a rapariga é capaz de dar um tiro nos cornos, isto é muito perigoso.» E o Miguel respondeu-me: «Isso seria fantástico, seria a prova de que a literatura ainda tem algum poder.» Obviamente, ela não se suicidou, destruiu o livro, mas não se suicidou. Preocupa-me as reacções das pessoas. Hoje, vou ter com estas raparigas que querem ser fotografadas, mas vou cheio de medo.

Combinaram tudo por e-mail. Não as conhece. E se forem rapazes, como é que reage? Fotografa com o mesmo entusiasmo?
É engraçado, nunca pensei nisso. Nunca pensei em fotografar um rapaz. Eu não vejo os homens. Entro num café, num cinema, numa esplanada, e não vejo os homens, só vejo as mulheres. E agora está a acontecer um fenómeno interessante comigo: estou a ficar velho e isso torna-me invisível, ninguém olha para mim. É óptimo.

Como é que tem vivido o envelhecimento?
Estou a gostar cada vez mais.

Houve algum momento em que não gostou?
Quando percebi que estava velho foi muito, muito mau. Uma pessoa não vai mudando de idade aos poucos, é por saltos, são terramotos. O último terramoto que tive foi quando olhei para o espelho e perguntei-me onde estavam os últimos trinta anos da minha vida, não sabia. Depois disso, devo ter passado pelo menos seis meses a beber vodka. Fui para Moscovo beber vodka.

Porque é que precisa tanto da solidão?
Não preciso.

Então porque é que vive sozinho, enfiado em casa, sem falar com ninguém durante não sei quanto tempo?
É porque sou parvo [ri]. Estou a gostar muito disto. Adoro ser entrevistado, não sou ninguém, não fui ninguém, nunca quis ser ninguém (parece um verso do Pessoa), um miúdo da escola, abandonado, com uma vida infeliz, uma família esquisita, sempre sozinho pelos cantos, nem futebol me deixavam jogar.

Porquê?
Porque tinha óculos, não via a bola. Passei coisas horríveis. Era o «Paixonetas», o «Apixonado», toda a gente brincava com o meu nome. Agora perguntam-me se é um pseudónimo. «É tão lindo o seu nome!», dizem. Isto é a ironia da minha vida toda.

O que é que o salvou dessa infância infeliz?
As mulheres, claro. Quando descobri as raparigas, o mundo abriu-se. Por isso é que gosto tanto delas. A minha dívida é eterna.

E as raparigas ligavam-lhe?
Incrivelmente ligavam-me, gostavam de mim. Acho que era por causa das histórias. Conto histórias desde sempre, para me proteger, acho que as pessoas gostam de mim por causa das histórias que conto e acabei por desenvolver isso para gostarem de mim.

As mulheres gostam é que lhes contem histórias?
Sei lá o que as mulheres gostam. Uma mulher para ser bela tem de ser inteligente, nunca vi uma mulher bela que não fosse inteligente, não há. Isto é completamente diferente de ser giro, o que é giro não pode ser belo, há uma  diferença abismal. A minha comunicação com as mulheres é antes de mais cerebral e, sim, faz-se através de histórias. Então não é lindo? Passamos a vida a contar histórias uns aos outros, procurando dar sentido ao que não tem sentido, que é a vida em si.

Fala muito na sua mãe, mas nunca fala no seu pai. Porquê?
Por acaso, agora falo muito menos na minha mãe, porque ela está com Alzheimer e é uma situação muito especial, está lá mas não está. Ela não está a sofrer, eu não estou a sofrer, mas de certa maneira já não existe para mim e então a fixação pela minha mãe esvaneceu-se por completo, curiosamente. Talvez volte quando ela morrer de facto.

Essa fixação pela sua mãe vem de onde?
Isso é perguntar ao Freud.

Está bem. E porque é que nunca falou no seu pai?
Por acaso, agora falo muito mais no meu pai. Quando o meu pai era vivo, existia, mas era uma existência distante. Era um homem do campo, pouco dado a carinhos, mas agora quando me lembro dele é sempre com muito amor. É muito bonito. É como se estivesse hoje mais vivo do que quando o estava de facto. Lembro-me dos conselhos que me dava, das frases que me dizia, teve uma importância imensa na minha vida. Por exemplo, no que respeita à vida sexual, o meu pai era um homem completamente livre. Uma das coisas que me dizia era: «Eh pá, um gajo com as mãos dá-lhe o aperto que quer.» Isto liberta um homem para toda a vida. Diziam que aquilo fazia os rapazes mais burros, mas eu ficava cada vez mais inteligente.

Um QI de 173 tem sido para si um fardo?
Como é que sabes isso? Já não tenho 173. O QI diminui com a idade. Ser inteligente é um péssimo negócio, começa-se a compreender coisas que é melhor não compreender, a ver coisas que é talvez melhor não ver. A inteligência traz sofrimento. «Dos pobres de espírito será o reino dos céus»: é absolutamente verdade.

Da sua biografia consta uma irmã, mas parece filho único.
Sabes porquê? É que ela é sete anos mais velha do que eu e casou com 17 ou 18 anos. Nem me lembro dela em minha casa.

Então, na prática foi filho único.
Acho que não fui filho sequer, andava para lá, mas não era bem filho. Filho era a minha irmã, que se chama Maria José. Acho que os meus pais queriam que ela fosse um ser único. Depois apareci eu, sem ser desejado, por isso andava por lá [suspira].

Curiosamente, o amor da sua vida é um homem: o seu filho. Que pai tem sido para ele?
Nunca quis ser pai e tive uma grande dificuldade em sê-lo, mas acho que consegui até agora ser um bom pai. É das coisas de que mais me orgulho na minha vida toda porque foi difícil. Ensinei-o a jogar xadrez, levei-o para o judo aos quatro anos, ensinei-o a pescar trutas, comecei a ir com ele para Nova Iorque quando ele tinha 14 ou 15 anos, todos os anos, em Agosto. Imagina o que eu sofri. E quem fez isto por um filho já fez muito. Ele estuda na Escócia, mas quando está cá vem jantar comigo quase todas as noites e conversamos imenso.

Costuma dizer que não escreve, são os seus dedos que o fazem, às ordens de um génio que se aloja no seu ombro e lhe sopra ao ouvido o livro todo. É mesmo assim?
A primeira pessoa a falar disso foi Platão. Mas eu sinto isso de tal maneira que ainda não abri os dois últimos livros que fiz. Tenho medo de os abrir e aparecer XXXXXXX, nem sequer palavras. Só daqui a um mês é que vou abri-los, para constatar certamente que afinal as frases até têm sujeito e predicado, que não estão mal escritos, que até são muito bons e perguntar-me: Quem é que escreveu isto? Foste tu? É muito estranho, mas é a realidade. Quando estou a escrever, não estou a pensar, se começar a pensar bloqueio, por isso é que escrevo assim, como o astronauta [põe-se na posição de astronauta]. Tenho de estar num estado de semiconsciência, se pensar nas palavras, não consigo escrever sequer. É uma corrente que passa. Os dedos é que vão escrevendo.

O que quer dizer quando afirma que a escrita lhe dá dor e prazer?
O estado de transe em que se entra é excitante, o problema é que não dura sempre. Quando paras ficas no abismo. É perigoso até. Já vivi ocasiões muito perigosas por causa disso. Sinto um vazio e não sei o que hei-de fazer. Uma pessoa fica tão viciada na irrealidade, na ficção, que depois não aguenta a realidade.

Os rituais de todos os dias – ler um poema de manhã, tomar um banho de mar, tocar  piano e ver um filme – funcionam para si como um antidepressivo para aguentar a realidade?

Mergulhar no mar é extraordinário, já hoje fiz, não vou à praia sequer, mergulho, nado até à bóia lá ao longe, depois venho. Faço duas vezes por dia todo o ano, desde que não haja tempestades, e faz-me muito, muito bem. É o que me salva. Um poema não digo que leia todos os dias, mas muito frequentemente. É para dar o tom, para afinar a orquestra, antes de começar a escrever.

E o piano?
É tipicamente meu também: toco piano, mas não sei tocar piano. Todos os dias, praticamente, ao anoitecer, sento-me ao piano e toco, improviso, porque infelizmente não me ensinaram.

E nunca tentou aprender?
Já é muito tarde. Uma vez pedi ao meu amigo Pinho Vargas se ele me dava umas lições e ele disse que era melhor não, porque se me ensinasse alguma coisa, eu deixava de conseguir tocar o que toco.

O amor e a morte são as suas grandes obsessões. Como é que encara a sua morte?
É só uma questão de tempo. Há certas coisas que já não posso fazer. Tenho pena. Queria ser realizador de cinema e acho que já não vou a tempo. Ainda vou fazer uma tentativa. É a próxima coisa que quero fazer: um filme.

Sobre quê?
Há uma mulher e há uma pistola.

E depois?
Uma mulher e uma pistola, uma história sem fim.
Porque é que só agora decidiu fazer um filme?
Por causa do dinheiro. Não quero pedir dinheiro ao Estado.

Não gosta do Estado?
Nada. Outra coisa que o meu pai me ensinou foi que o Estado era ladrão e ainda por cima nunca vai para a prisão. Não, nem pensar em pedir dinheiro ao Estado. Agora tecnicamente é possível filmar com meios muito mais acessíveis. Estava há anos à espera disto. É por isso que vou fazer o filme agora, porque não preciso de dinheiro para o fazer.

O dinheiro alguma vez foi uma preocupação para si?
Na minha família sempre se viveu numa situação muito particular, que é o ser rico e pobre ao mesmo tempo. O meu pai nunca teve emprego fixo, viveu sempre numa situação periclitante, arriscada. O meu pai era um destemido, não tinha medo de nada. Andava de pistola. Deixou-me duas pistolas, mas a minha mãe escondeu-as e agora, com o Alzheimer, ninguém sabe onde estão.

Porque é que as escondeu?
Não foi com medo que eu matasse alguém, foi com medo que eu me matasse a mim.

Alguma vez pensou nisso?
Quase todos os dias.

Em que braços morreria?
Nos da minha amada amante, que é a minha mulher.

A sua mulher não se chateia de ir fotografar duas miúdas que não conhece de lado nenhum?
Tenho mulheres extraordinárias. A minha mulher é a maior entusiasta desta exposição, por exemplo. Como se isto não bastasse, esta vergonha, quer que eu faça disto um livro e ela é que está a tratar de tudo. É maravilhosa, mas eu também não lhe minto. Que mal tem tirar fotografias a duas miúdas despidas? Um gajo depois de tirar este tipo de fotografias não consegue fazer nada, fica completamente estoirado. Nunca tive relações com as pessoas que fotografei.

«És tão linda que nem te consigo foder» é uma das frases desta exposição e do seu novo livro. A beleza paralisa-o?
Fico como uma lebre encandeada pelos faróis de um carro. É uma energia enorme a explodir à nossa frente e uma pessoa fica cega. O fascínio paralisa, não se sabe o que é que se há-de fazer.

Que título é que o Pedro, que se diz o melhor fazedor de títulos do mundo, daria à sua vida?
[Longo silêncio] Estou só a compor as palavras... «Cheguei quase». Percebe-se? Não cheguei lá, mas cheguei quase.

Pedro Paixão segundo Pedro Paixão

Nasceu em Lisboa no mês de Fevereiro de 1956. A mãe, farmacêutica, nasceu em Pawtucket, Rhode Island, EUA. O pai, engenheiro agrónomo, nasceu na Abrunhosa do Mato, uma aldeia da Beira Alta. Tem uma irmã e uma sobrinha. É casado pela quarta vez e tem um filho. Foi aluno do Liceu Francês Charles Lepierre, do Liceu Pedro Nunes e frequentou durante três anos o Instituto Superior de Economia. Estudou em Lovaina e Heidelberga, entre outras disciplinas, Filosofia, tendo-se doutorado aos 29 anos. Trabalhou para a fundação do semanário O Independente, que abandonou ao sétimo número.

Em 1989, com Miguel Esteves Cardoso, fundou a agência Massa Cinzenta, Empresa de Ideias, da qual foi sócio-gerente até 1995. Foi professor de Filosofia na Universidade Nova de Lisboa, mas desistiu da carreira académica. Publicou 21 livros e dois álbuns de fotografias. Escreveu dois textos para teatro e um para ópera. Começou a escrever guiões para filmes. Nunca recebeu qualquer prémio, nem foi escolhido para representar o seu país.

Foi membro de uma associação política clandestina que abandonou em 1974, pouco tempo depois de ser legalizada. Nunca votou. Não é membro de qualquer associação, clube, partido ou igreja. Nada no mar quase todos os dias do ano.

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