Pedro Nuno Santos: "Não há uma bala de prata para o problema da habitação"

O candidato à liderança do PS considera que não se pode tomar muitas medidas contra a especulação no mercado da habitação, dados os constrangimentos da União Europeia. A solução passa por construir mais habitação pública.
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Na véspera da votação final do Orçamento do Estado, Pedro Nuno Santos deu uma entrevista à TSF. Aí explicou algumas posições diferentes do Governo do PS sobre as negociações com os professores e os médicos.

Para Pedro Nuno Santos, que poderá ouvir na emissão da rádio de informação esta manhã, a política das "contas certas" é uma necessidade, mas é desejável diminuir a dívida pública de uma forma mais lenta e permitir um maior investimento nos serviços públicos. "A trajetória da liquidação da dívida pública podia ser outra. Podia ser a que o próprio Governo se comprometeu com Bruxelas."

Defendeu que só com uma forte recuperação dos rendimentos dos trabalhadores da Saúde e da Educação é possível garantir a função dos serviços públicos.

O candidato tentou escapar aos rótulos de esquerda e direita , radical e moderado, em relação às comparações com o seu camarada de partido José Luís Carneiro. Várias vezes garantiu que estas designações "são para comentadores e analistas políticos", mas que o povo português e o próprio estavam era interessados em saber o que era possível fazer pelo país e as diferenças entre o PS e o PSD.

"A candidatura que lidero tem uma capacidade maior de mobilização (...). A capacidade de mobilizar a energia do povo português, para nós fazermos de Portugal um pais [em] que valha a pena viver. E isso acho que nós fazemos melhor que qualquer outra das candidaturas", garantiu.

Durante cerca de 50 minutos, o candidato à liderança do Partido Socialista respondeu às perguntas de dois jornalistas, entre os quais a diretora da TSF, Rosália Amorim. Falou-se de política de alianças, TAP, Influencer, Serviço Nacional de Saúde, reivindicações dos professores, habitação e da política necessária para acabar os baixos salários.

Sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS), Pedro Nuno Santos comprometeu-se a diminuir as despesas deste serviço com os privados, quase metade do orçamento do SNS, afirmando que mais do que uma questão ideológica, é uma questão de gestão e rentabilização de meios. E que até as empresas privadas que externalizavam serviços, entendem, hoje, que é necessário contar com recursos de qualidade no seu seio. Nesse sentido, defende que os médicos devem recuperar o seu rendimento e que o SNS tem de ser atrativo para os profissionais de Saúde. "Sem profissionais de Saúde não há SNS a funcionar", alerta.

Para resolver o problema de habitação, que aflige grande parte dos portugueses, o antigo titular da pasta que incluía a Habitação defende que grande parte da Europa se bate com esse problema, no seu entender, devido a que as casas deixaram de ser exclusivamente para habitar, mas tornaram-se objeto de uma procura como ativos financeiros que aumentaram o seu preço e procura. No entanto, o socialista alerta que a política que se pode tomar contra a financeirização "não é uma bala de prata para o problema da habitação." "Nós estamos inseridos na União Europeia (UE), que impede um conjunto de medidas, a mobilidade de capitais não pode ser travada, a não ser que estejamos na disposição de sair da moeda única." Para o socialista, " A estratégia mais eficaz é o [reforço do] parque público de habitação".

Pedro Nuno Santos é contra apoiar um Governo do PSD para impedir a subida ao Executivo de ministros do Chega. Afirma que o crescimento da extrema-direita é um fenómeno internacional, e que "a democracia precisa de uma válvula de escape" e da diferença e alternância entre um PS e um PSD que têm programas diferentes. Para o candidato, a extrema-direita seria ajudada se o PS fosse muleta de um Governo do PSD com as suas políticas de direita.

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