Pedro Diogo Vaz: "Houve esta visão imediata, tipo onda da Nazaré, em que as redes sociais vão matar tudo o resto"

10 perguntas à queima-roupa, 10 respostas na ponta da língua. Nesta rubrica, o DN desafia personalidades a comentar assuntos quentes do país e da atualidade. Neste dia, é a vez do apaixonado por Comunicação Pedro Diogo Vaz, que é country manager da Superbrands.
Publicado a
Atualizado a

As Melhores marcas fazem-se de...
Daquilo que conseguimos definir como objetivo, como missão, como valores e, essencialmente, da capacidade depois de construir equipas, de ter coerência dentro da estrutura e de conseguir estabelecer a relação de uma forma aberta, honesta, transparente e, obviamente, produtiva para ambas as partes com aquilo que for o tipo de cliente que a marca tiver de trabalhar.

E ser referência é...
Conseguir fazer diferente. Na escola onde fiz a minha formação, a primeira, há uma frase na parede de que nunca me esqueci: "Se formos só mais uma, somos uma a mais." É isso que faz ser uma referência. Portanto, temos de encontrar eixos de diferenciação, independentemente da área em que estamos a trabalhar.

O que não fazer às marcas?
Não se deve achar que falar das marcas é apenas uma componente comercial. E isto é válido em todas as dimensões. Há a dimensão interna da própria marca e isso é um grande desafio para as pessoas, por exemplo, na área da comunicação: perceber que conseguir projeção, afirmação não é uma questão apenas comercial, nem de marketing, é uma questão essencialmente de princípios e de continuidade.

Redes sociais.
Isso é um novo mundo. Da mesma forma que se dizia que o "video killed the radio star", ou seja, quando o vídeo surgiu ia desaparecer a rádio, houve esta visão imediata, tipo onda da Nazaré, em que as redes sociais vão matar tudo o resto. E vamos perceber que não é assim.

Influencers, sim ou não?
Sim. Sempre tivemos influencers, independentemente de não haver redes sociais. O que acontece hoje, cada vez mais, é que o influencer, mais uma vez, é um surfista da onda da Nazaré, tem grande capacidade e ao fim de algum tempo desaparece. Não podemos olhar para o influencer da mesma forma que não podemos olhar, para a rede social como o eixo de comunicação principal. São importantes e geram esse impacto, mas não pode ser uma coisa pensada apenas no imediato.

Marca Portugal.
Ui, é um dos grandes desafios que temos. Quando acabei a faculdade, o primeiro trabalho que fui fazer foi nos EUA e muitas pessoas não sabiam o que era Portugal. Isso hoje não acontece, mais pela componente do turismo, mas acho que nos falta, um conceito de diferenciação. Que tipo de mensagem queremos passar como país? Não está definido, apesar de o turismo ter vindo a ter uma amplificação grande e isso tem impacto na perceção.

Internacionalmente, Portugal é o quê?
É um país ótimo para praia, férias e é barato. Olha-se para Portugal e é uma porta de entrada. Trabalho muito com Angola e isso acontece. Agora, Portugal é um país com um potencial gigante, precisamos de voltar a ter uma visão mais próxima do nosso século XVI, onde arriscámos entrar em áreas onde não sabíamos. Por exemplo, Portugal não é conhecido na dimensão oceanográfica e é um dos países com maior expansão a nível do oceano.

Cristiano Ronaldo.
Como marca é muito mais impactante. Aliás, Portugal ficou mais conhecido por Cristiano Ronaldo. Com os desafios todos que teve agora no último ano e meio ou dois anos, diria que como marca, é das mais importantes a nível internacional.

Liderar é?
As pessoas perceberem que a primeira coisa que têm de fazer é dar o exemplo. A vantagem da liderança deve ser a pessoa que, sabendo que pode construir uma equipa à sua volta, pode parar, tirar as mãos da massa e olhar um bocadinho à frente. Acho que há uma diferença entre liderança e chefia.

E o luxo é?
O conceito de luxo tem de ser alinhado com o conceito de diferenciação. O conceito de luxo continua a ser um conceito de premium, de ser top, mas não tem de ser apenas uma visão pejorativa. E continuamos a ter essa visão, em termos sociais, de que luxo é para quem pode, mas quando olho para o luxo, não quero. A partir do momento em que posso, já valorizo.

Ouça aqui o podcast:

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt