Pedro Cabral Medeiros: "Não vemos a luz ao fundo do túnel, não podemos esperar para começar treinar"
Durante o ano de 2020, passámos vários meses confinados e em estado de emergência e muitas pessoas abandonaram a prática de exercício físico. Agora que estamos de novo confinados, o que devemos fazer para não deixarmos de nos mexer?
A realidade é que as pessoas estão a passar muito tempo em casa e o conselho que eu dou às pessoas que tiverem essa opção é separar o lazer do trabalho. O ideal para quem está em casa era começar logo o dia com um treino outdoor, na rua.
Mas para as pessoas serem bem-sucedidas e conseguirem manter esta separação (treino/trabalho), é necessário criar e manter um plano de rotinas que incluem a alimentação - comer a horas, dormir a horas - para acordarem com boa energia e desenvolverem a sua atividade física.
Outro conselho que dou às pessoas que ficam muitas horas sentadas à frente do computador - e passam da mesa para o sofá - é durante o dia fazerem alguns alongamentos. Isso é essencial. Os alongamentos são uma excelente opção para conseguir obter mais conforto, porque quem passa muito tempo sentado acumula algum stress nas costas, especialmente na zona lombar.
Que tipo de exercício recomenda fazer em casa, em espaços reduzidos?
Recomendo três, quatro exercícios que são superprodutivos porque recrutam vários músculos e podemos tirar o máximo proveito deles - agachamentos, lunges, flexões de braços. São excelentes opções para ativar todo o corpo, são práticos, eficazes e têm grande impacto em termos de saúde. Outra possibilidade é fazer também um exercício cardiovascular, uma corrida estática. E, se optar por sair de casa, uma boa caminhada.
Apesar do dever de confinamento, é possível sair durante curtos períodos para praticar exercício físico e muitas pessoas têm optado pela bicicleta...
Sim, a bicicleta também é uma ótima opção para o bem-estar mental e físico. E tem outra vantagem - é uma boa maneira de pôr toda a família a fazer atividade física, com boa energia e diversão.
Que dicas pode dar a quem está a sentir dificuldades em manter a motivação para continuar a praticar exercício físico?
Mais do que nunca, as pessoas têm de treinar porque estão menos ativas, por consequência vão ganhar peso e vão perder massa muscular e sentir fraqueza muscular. Em termos de motivação, claro que o melhor motivo é a saúde. Mas também os benefícios da prática de exercício físico: melhora a função imune, melhora os níveis de serotonina, dopamina e adrenalina. E as pessoas que estão em casa a trabalhar precisam de se automotivar para o fazer, precisam de manter o rigor, o foco, a produtividade - e o exercício ajuda.
Que conselho pode dar a todos os que já não praticam exercício físico desde o confinamento anterior?
Para as pessoas que deixaram de treinar com o confinamento: lembrem-se de que a saúde não espera. E na realidade atual que estamos a viver ainda não vemos uma luz ao fundo no túnel. Não podemos ficar à espera de que a situação melhore. Não devemos ficar à espera do melhor cenário para começar a treinar. E com a covid-19, falo por mim e por muitas pessoas à minha volta: estamos a habituar-nos ao isolamento. As pessoas estão mais isoladas e têm medo de estar com outras pessoas. E a atividade física também ajuda a sentir bem-estar, ajuda as pessoas a terem autoestima e a sentirem-se confiantes, seguras e positivas. E isso também é importante, porque como disse ainda não vemos a luz ao fundo do túnel. A covid-19 vai continuar a ser muito constante, não vai desaparecer de um dia para o outro e as pessoas têm de continuar a cuidar de si.