Pedido para classificar Foco reúne "várias áreas " e "extravasa o Porto" - arquiteto

O pedido de classificação do Foco "extravasa o limite do Porto" e "abrange várias áreas disciplinares", espelhando um "entendimento global" sobre o valor da obra de Agostinho Ricca, João Serôdio e Magalhães Carneiro, explicou hoje o proponente.
Publicado a
Atualizado a

\tEm declarações à Lusa, o arquiteto João Luís Marques explicou que o processo de classificação do Parque Residencial da Boavista/Foco como Conjunto de Interesse Público (CIP), que alerta para "o risco" de "obras profundas" devido à instalação de um hospital privado, foi iniciado em janeiro e concluído em maio porque pretendeu "reunir um pensamento de conjunto que extravasa o debate arquitetónico".

\tAssim, o pedido de classificação é subscrito por 68 pessoas, entre as quais Siza Vieira e Souto Moura, o pároco da Igreja Nossa Senhora da Boavista, investigadores, urbanistas, e a presidente da Docomomo Internacional, uma "plataforma de preservação do património moderno", que é também professora catedrática do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa.

\t"O grupo de subscritores procura explorar o entendimento global que há em torno deste legado da arquitetura moderna. Existe um entendimento alargado do valor do conjunto", explicou João Luís Marques.

\tNo requerimento de classificação, que a Lusa divulgou na segunda-feira, o pedido de classificação do Foco é justificado com "a tomada de consciência do valor em causa e da vulnerabilidade a que está sujeita" a obra "idealizada por Agostinho Ricca no início da década de 1960", com João Serôdio e Magalhães Carneiro.

\t"Existe neste pedido um reconhecimento que é comunitário e que extravasa o limite do Porto. Esta não é uma questão de bairrismo. Temos no pedido de classificação uma abordagem multidisciplinar e temos instituições públicas".

João Luís Marques diz ter procurado, na reunião de subscritores, cruzar pessoas da área da "história, urbanismo, geografia, sociologia e arquitetura, de várias universidades", somando ainda as fundações Cupertino de Miranda, Júlio Resende e José Rodrigues.

\tOs presidentes do Icomos/Portugal e da Ordem dos Arquitetos/Região Norte, o escultor Zulmiro Carvalho e o geógrafo Álvaro Domingues são outros dos subscritores, segundo o documento a que a Lusa teve acesso.

\tJoão Luís Marques esclarece ainda que o pedido de classificação entregue na DRCN "a 07 de maio", reúne "uma série de material", nomeadamente o referido requerimento subscrito por 69 pessoas, com a data de "26 de março", onde é "sintetizado o que se pretende".

\tO processo engloba ainda "um formulário" onde é solicitado que se indique a existência de eventuais projetos para o local.

\t"Foi feita uma pesquisa e localizados vários Pedidos de Informação Prévia (PIP) que preveem a mudança de uso do edifício do hotel [encerrado] para hospital", descreveu o arquiteto.

\tPor isso, acrescentou, o requerimento inclui também, no referido formulário, a referência à aprovação de um PIP "para obras profundas naquele que é o equipamento de maior dimensão, destinando-o a unidade hospitalar privada", o que, segundo o documento, "coloca em risco manifesto o equilíbrio programático e a unidade do conjunto".

\tNo processo, o conjunto do Foco - que para além de igreja inclui cinema e hotel (ambos encerrados), galerias comerciais, escritórios e 450 fogos - é descrito como "testemunho ímpar de arquitetura e urbanismo modernos em Portugal".

\tO projeto está "enriquecido por obras de artistas plásticos como Júlio Resende, Zulmiro de Carvalho, José Rodrigues [um mural com mais de 90 metros de extensão na piscina interior do hotel] e João Charters de Almeida", acrescenta-se.

\t

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt