Revolta. 18 de Janeiro de 1934 .A celebração do 75.º aniversário da revolta que colocou a Marinha Grande na história dos grandes protestos contra o Estado Novo proporcionou ao Partido Comunista Português (PCP) a oportunidade que os dirigentes mais antigos desejavam: fixar o papel do partido nessa greve geral..A versão que existe deste levantamento, no caso da Marinha Grande, é pouco clara porque resulta de uma luta de protagonismos entre a central anarco-sindicalista e o PCP ao longo das últimas décadas. De um lado estão os defensores de que o papel principal é dos anarquistas, importância essa que tem vindo a ser reivindicada através de vários posicionamentos escritos e verbais recentes. Do outro lado está o PCP, que afirma uma actuação prioritária num conflito que marcou definitivamente a data..Esta disputa não é para menos, porque a convocatória de uma greve geral era iniciativa pouco comum à época e na localidade resultou nos assaltos ao posto da GNR, e consequente detenção dos militares, e dos Correios e ao corte das estradas. Situação só possível, no entender do comunista Joaquim Gomes, devido à organização do PCP: "Houve mais de uma centena de prisões e se existir uma dezena deles que não sejam comunistas já são muitos." Ou seja, conclui, sem a organização do PCP aquele facto histórico não se teria verificado. .Joaquim Gomes considera que se justifica nesta data definir para o futuro o que aconteceu no passado porque, diz, "têm saído livros e notícias que são uma fal- sificação e uma deturpação do que foi o 18 de Janeiro. Chega-se até a procurar nos arquivos da PIDE escritos para explicar a revolta"..Segundo o histórico do PCP, apesar de a data nunca ter sido esquecida, o partido demorou demasiado a assumir o seu papel. A razão deve-se, explica, ao facto de não ter assumido logo de início a responsabilidade que teve. "Até aconteceu o secretário-geral Bento Gonçalves (que estava preso na altura) ter considerado uma anarqueirada o que aconteceu no País", acrescenta. "Na Marinha Grande não foi como no resto do País, onde os anarquistas tinham determinada preponderância na oposição política. Aqui, os precedentes do 18 de Janeiro têm origem nas lutas dos trabalhadores que vêm de antes da crise capitalista de 1929", recorda. E não tem dúvidas em afirmar: "É uma história mal contada porque estas acções fizeram com que durante umas horas se tivesse derrotado totalmente o fascismo, e os dirigentes e sindicalistas presos - José Gregório, António Guerra, os irmãos Baridó - eram do PCP, e lideraram a revolta"..As comemorações do 18 de Janeiro de 1934 contam com o secretário-geral do PCP, que, na sexta-feira, afirmou que "os objectivos centrais que levaram à revolta tinham a ver com os salários, as condições de vida e trabalho, com os direitos, a liberdade e a democracia". Jerónimo de Sousa considerou também que "a questão fundamental que se colocou em 1934 é a que se coloca no ano de 2009". |