O PCP não desiste da pressão sobre António Costa para ser antecipado em dois anos o plano do governo de aumentar para 600 euros o salário mínimo nacional. Primeiro no discurso de encerramento da festa do Avante, no início do mês, ontem no final da reunião do comité central, Jerónimo de Sousa voltou a levantar essa bandeira. Contactado pelo DN o gabinete do primeiro--ministro não reagiu..Desde que o executivo socialista tomou posse, o salário mínimo aumentou 25 euros, estando fixado em 530 euros. De acordo com o plano de evolução, está previsto que em 2017 este vencimento suba para 557 euros, em 2018 para 580 euros e apenas em 2019 se atingiriam os 600 euros. De acordo com o Relatório Trimestral sobre o Salário Mínimo Nacional, neste momento está estimado que em Portugal 627 mil pessoas recebem o salário mínimo, cerca de 19% dos trabalhadores em Portugal..Um aumento de 530 para 600 euros (70 euros) significaria um custo acrescido para os privados, que empregam estes trabalhadores, de quase 44 milhões de euros..O líder comunista não disse qual seria a abertura do governo quanto a esta reivindicação mas, no que diz respeito a um aumento de dez euros nas pensões mais baixas, admitiu que se estava no "bom caminho". Embora não seja conhecida a proposta do executivo, pois António Costa não a quantificou, Jerónimo entende que "essa disponibilidade aparentemente existente da parte do governo é um bom caminho para procurar a convergência. Há muitos anos que não há qualquer aumento para centenas de milhares de reformados e pensionistas"..Nesta matéria, o secretário-geral do PCP avançou ainda com outra exigência no sentido de acabar com o pagamento do subsídio de Natal dos pensionistas em duodécimos. "É nosso objetivo colocar ao governo, porque é um grande apelo que vem das associações de reformados e pensionistas, de receberem o subsídio de Natal por inteiro. Não se justifica esta manutenção dos duodécimos", sustentou Jerónimo de Sousa..Evasão fiscal.Questionado sobre o levantamento do sigilo bancário, o dirigente comunista defendeu um "equilíbrio" entre os mecanismos de combate à evasão fiscal e a "privacidade das famílias". "Existem mecanismos refinados de evasão fiscal e o Estado tem de se proteger e possuir capacidade de resposta em situações especiais. Mas as famílias têm de ter o direito à privacidade, privacidade em relação à sua vida e ao dinheiro que cada um ganhou a trabalhar. É preciso um equilíbrio", acentuou Jerónimo de Sousa..Neste ponto, o secretário-geral comunista avisou mesmo "que a devassa total não é acompanhada pelo PCP", embora se exija neste momento "uma definição de sigilo bancário que procure evitar fugas e fraudes que quotidianamente são denunciadas".Jerónimo de Sousa também desdramatizou a possibilidade de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, se opor à medida do governo de permitir o acesso a informação bancária de contas superiores a 50 mil euros.."Acho que o exercício de funções, deveres e direitos de cada instituição não leva a dramatização ou a um confronto. Até pode haver uma divergência, mas não antecipo juízos de valor antes de conhecer a posição do Presidente da República", justificou o secretário-geral do PCP..Com Lusa