PCP e BE alertam para perigo de bloco central

Comunistas e bloquistas não querem regresso ao "passado" e avisam para o uso do "estafado artifício do voto útil".
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Os argumentos são iguais. Há dois perigos: a maioria absoluta do PS e o "namoro" com o PSD que pode dar em bloco central, "que, sorrateiro, bloqueia Portugal".

Jerónimo de Sousa acredita que vão voltar "as manobras para construir uma bipolarização artificial entre PS e PSD e [que] voltará o discurso do perigo da direita, procurando esconder que cada voto no PCP e na CDU é um voto para afastar a direita, é mesmo o voto mais eficaz para afastar a direita", e que, tal como em 2015, "quem está a abrir a porta ao PSD é o PS, e não o PCP". O líder comunista recorda a noite eleitoral desse ano, quando "o PS já estava a mandar cumprimentos ao PSD [...], foi isso que aconteceu, é isso que acontecerá sempre" não fosse a CDU ter tido "papel determinante" para a formação da "geringonça", travando um governo de direita.

"Já se percebeu", afirma Jerónimo de Sousa, que o objetivo do PS é "continuar a não responder aos problemas e manter as opções essenciais que marcam a política de direita, ambicionando fazê-lo seja por via da maioria absoluta ou por via de novos acordos com o PSD".

"E, claro, alguns procurarão usar o estafado artifício do voto útil, quando a vida provou nestes últimos anos, para quem tivesse dúvidas, que o que conta é a correlação de forças na Assembleia da República e que as eleições legislativas não escolhem nenhum primeiro-ministro."

Sobre o papel do PCP na "geringonça", manifesta uma certeza: "Vamos para eleições com a confiança de ter cumprido os nossos compromissos e de ter lutado com todas as nossas forças por outro rumo para o país e por um futuro melhor para todos os portugueses."

A noite eleitoral de 2015 é também para Catarina Martins um argumento contra a maioria absoluta pedida pelo líder socialista. "Tivesse o PS obtido então a maioria absoluta" e "teria cumprido todas as ameaças que tinha feito em 2015, a começar pelo congelamento das pensões". Foi, recorda, a "geringonça" que "obrigou o PS a aceitar medidas que antes recusara".

O "namoro" entre PS e PSD, outro argumento partilhado com o PCP, é razão para que o BE peça "força para travar a maioria absoluta do PS, e a maioria absolutíssima desse acordo de bloco central PSD e PS que agora está a ser namorado pelo primeiro-ministro".

A "repetição do passado" a que os portugueses "não querem voltar", afirma, está em que "ofereça agora Rui Rio um acordo de bloco central a Costa e venha António Costa antecipar pontes com a direita".

Outro perigo, diz Catarina Martins, está na promessa das contas certas: "Não são contas certas recusar aos pensionistas o fim da dupla penalização das pensões que a troika impôs e que custaria em 2022 o mesmo que o governo perdoou à EDP no imposto do selo que ainda não cobrou." Estes casos, avisa, são "milhões e são negócios que envenenam a economia e a sociedade".

Deixa ainda um alerta. "O jogo político do poder absoluto diz tudo sobre a ambição de repetir Cavaco ou Sócrates [...], uma vez que é com o PSD que [o PS] se vai entender para bloquear mudanças nas leis laborais e para manter o rumo financeiro."

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