PCP diz que relatório retrata visão do PSD
Questionado sobre as críticas do deputado socialista Rui Paulo Figueiredo que considerou o documento "parcial" e fruto de uma "encenação política", Bruno Dias considerou que numa primeira leitura o que se destaca "é a visão do PSD" sobre as Parcerias Público-Privadas (PPP).
"Vai ser necessário recordar que estamos num processo de vários anos, que atravessou vários governos. Há responsabilidades políticas que devem ser atribuídas a vários governos, inclusivamente ao atual", salientou o deputado comunista.
Bruno Dias afirmou que a prática de enviar o relatório final das comissões de inquérito para o Ministério Público é "relativamente comum", mas frisou que o documento em causa não é este "que está a ser comentado agora", por se tratar de um relatório preliminar que "está muito longe do que devia ser feito".
Sobre o facto de o relatório ter sido distribuído aos deputados e divulgado quase em simultâneo à comunicação social, considerou "insólita" a opção do relator, o social-democrata Sérgio Azevedo, já que só hoje o documento vai ser apresentado na Assembleia da República.
"Tenhamos todo o cuidado de tratar este momento como aquilo que é porque muita água vai correr ainda debaixo da ponte", enfatizou.
O deputado do PCP questionou, por exemplo, o facto de estar ausente das conclusões do relatório que o próprio modelo de negócio das PPP é prejudicial para o Estado e para o interesse público.
Faltam também "lições para o futuro": "parece que estamos a correr o risco de que isto das PPP correu mal [no passado] e agora vai correr bem".
O relatório da comissão de inquérito às Parcerias Público-Privadas (PPP), divulgado na segunda-feira, defende que vários governantes do executivo de José Sócrates e a administração das Estradas de Portugal devem ser responsabilizados pelas entidades competentes.
Entre os ex-governantes citados ao longo do relatório constam os nomes dos ex-ministros Teixeira dos Santos, Mário Lino e António Mendonça e dos ex-secretários de Estado, Costa Pina e Paulo Campos, assim como o do próprio ex-primeiro-ministro José Sócrates.
O relatório contém 500 páginas e 180 conclusões.