PCP acusa ERT de apostar em precários e pagar pouco e a têxitl diz que duplicou emprego
A empresa responde que o PCP revela "desconhecimento da realidade do grupo e da indústria automóvel em particular" e assinala que duplicou os postos de trabalho desde 2015.
As críticas da organização regional de Aveiro do PCP surgiram após uma reunião com trabalhadores da unidade que é líder nacional em têxteis para o setor automóvel, emprega 530 pessoas e integra um grupo com mais sete empresas noutros tantos países.
"A empresa ERT faz bandeira de motivar os trabalhadores com trabalho de equipa, formação e oportunidade de desenvolvimento pessoal, mas a motivação é tanta que o salário pago é o mínimo e os contratos, além de serem através de uma empresa de trabalho temporário, são de um mês, renováveis até dois anos", refere o PCP em comunicado.
"É inaceitável que, num setor e numa empresa em franca expansão, os salários permaneçam tão baixos e se insista em fazer uso de um expediente [contratual] que deveria ser apenas aplicável a situações de picos pontuais de produção - algo que não é manifestamente o caso", realça o documento.
Referindo que nessas condições os funcionários da ERT "não podem planear a sua vida, pois cada mês de trabalho pode ser o seu último", o PCP defende que a cada posto laboral permanente "tem que corresponder um contrato efetivo" e que, no mesmo espírito, "a remuneração deve ser justa e proporcional aos lucros gerados" pelo pessoal da casa.
Contactada pela Lusa, a direção de Recursos Humanos da ERT rejeitou as críticas do PCP, considerando que demonstram "desconhecimento da realidade do grupo e da indústria automóvel em particular".
No que se refere a salários, a empresa "nega perentoriamente que a remuneração paga aos seus colaboradores seja a correspondente ao salário mínimo, porque entre remuneração base e outros complementos salariais, a retribuição ultrapassa significativamente esse valor".
Já quanto aos contratos de um mês, a ERT admite que "infelizmente tem que responder a requisitos dos clientes, que impõem flexibilidade de produção superior a 30%, e nesse contexto usa o trabalho temporário como uma ferramenta que a lei legitima".
A empresa realça, contudo, que "quando o país estava em crise profunda, a ERT criava postos de trabalho, constituindo a luz ao fundo do túnel para muitas famílias de São da Madeira". "De 2015 até ao momento, duplicou o número de postos de trabalho", acrescenta.
A empresa nota ainda que a sua estratégia de crescimento "esteve sempre centrada em Portugal, como se pode demonstrar com os investimentos que o grupo tem a decorrer neste momento", e, nesse contexto, disponibiliza-se "para receber o PCP e outras forças políticas" que queiram conhecer a sua realidade e projetos em curso.