Paulo Pedroso eleito presidente do novo think tank da esquerda

Alinhada no espírito da 'geringonça', nova associação cívica marcou para 28 de outubro fórum de discussão de políticas públicas. "Exige-se mais dos debates à esquerda", lê-se no Manifesto fundador.
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Numa votação secreta onde se registaram 48 votos a favor e duas abstenções, o sociólogo Paulo Pedroso, ex-militante, ex-dirigente e ex-ministro do PS, foi esta manhã eleito presidente da nova associação cívica "Causa Pública", um think-tank à esquerda que reúne personalidades próximas ou militantes do PS, Bloco de Esquerda, PCP e Livre. A eleição teve lugar este sábado de manhã numa reunião no Liceu Camões, em Lisboa, com meia centena de fundadores.

Liderada por Paulo Pedroso, a direção executiva da "Causa Pública" será composta ainda por Alexandra Leitão (ex-ministra do PS, atual deputada), Ana Drago (ex-deputada do Bloco de Esquerda), José Reis (professor de Economia na Universidade de Coimbra) e o empresário Rogério Moreira (ex-militante do PCP e fundador do Bloco de Esquerda).

A assembleia fundadora elegeu ainda o economista Ricardo Paes Mamede para presidente do Conselho Estratégico e o advogado Ricardo Sá Fernandes ((militante do Livre) para dirigir a Mesa da Assembleia Geral.

Uma das deliberações da reunião de hoje foi confirmar que o primeiro ato público da "Causa Pública" será um Fórum de discussão, dia 28 de outubro, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

A organização diz que será discutido o "modelo económico do país e novas políticas de desenvolvimento", "os desafios colocados pelas alterações climáticas e a urgência da transição energética e da transformação dos modelos produtivos", a "a qualidade da democracia e os riscos políticos da ascensão da extrema-direita" e "a configuração do mercado de trabalho e a centralidade das políticas sociais".

Citaçãocitacao"Entendemos que a esquerda, nas suas diferentes forças e visões, tem a responsabilidade de construir uma sociedade melhor, concebendo e executando reformas estruturais progressistas."

O Manifesto da organização diz que "a 'Causa Pública' é uma associação de cidadãs e cidadãos empenhados na construção de novos caminhos para Portugal, através do debate público e participado sobre o modelo de desenvolvimento e as opções de governação do país, a partir de diferentes perspetivas da esquerda portuguesa".

"O foco excessivo dos partidos nas suas dinâmicas internas limita com frequência a produção de pensamento e a participação aberta e plural. É necessário mais pensamento progressista para discutir a governação a partir do espaço da cidadania. É neste espaço que pretendemos fazer a diferença, desenvolvendo formas de cooperação entre cidadãs e cidadãos, e entre estes e as forças organizadas da política e da sociedade civil. Com isto estaremos a contribuir para a emergência de novas fórmulas de cooperação política para o bem comum e para novos arranjos democráticos, que é urgente pensar, testar, desenvolver e acelerar", lê-se ainda.

E é claramente assumida uma visão à esquerda - uma esquerda que se refletiu institucionalmente na 'geringonça': "Entendemos que a esquerda, nas suas diferentes forças e visões, tem a responsabilidade de construir uma sociedade melhor, concebendo e executando reformas estruturais progressistas. Exige-se mais dos debates à esquerda ou do que foi até aqui a sua orientação nas políticas públicas. Faltam programas exequíveis e progressistas, capazes de disputar as transformações necessárias a um projeto de desenvolvimento do país na próxima década."

Ontem, falando à Lusa, Paulo Pedroso dizia que a intenção da "Causa Pública" é "discutir e produzir ideias que ficam no espaço público" e não "interferir no xadrez político". "Nascemos para influenciar o debate público através do lançamento e circulação de ideias de futuro", insistiu.

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