Paulo de Carvalho reúne "muitos anos de cantigas" num álbum de duetos
Na semana em que celebra 70 anos, Paulo de Carvalho lança "Duetos", produzido pelo filho, Agir, juntando parcerias inéditas e outras repetidas com mais de 40 artistas e instrumentistas.
A ideia do disco, que assinala os 55 anos de carreira do músico, foi de Agir, que assumiu os comandos de tudo, da escolha dos temas, dos artistas e arranjos. "Pareceu-me imediatamente que fazia sentido", disse Paulo de Carvalho.
Do álbum fazem parte, por exemplo, "Flor sem tempo", "E depois do adeus", "O homem das castanhas", "Lisboa, menina e moça", "Os meninos do Huambo" e "Nini dos meus quinze anos", canções que foram escritas ou interpretadas ao longo dos anos por Paulo de Carvalho.
No disco repetem-se parcerias com Carlos do Carmo, Camané, José Cid, Rui Veloso, com o músico brasileiro Ivan Lins ou com Tozé Brito, mas também há duetos inéditos com Diogo Piçarra, Raquel Tavares, Miguel Araújo, António Zambujo e com o angolano Matias Damásio.
Há ainda duetos com Mafalda Sacchetti e Agir, dois dos filhos de Paulo de Carvalho.
"São muitos anos de cantigas. Essas serão as principais, demonstram bem o percurso de 55 anos e ele [Agir] melhorou tudo isto com os arranjos. Mas as músicas estão lá como as pessoas gostam de as ouvir, só que o tempo é outro", explicou Paulo de Carvalho.
Sobre os encontros inéditos em estúdio, Paulo de Carvalho elogia em particular a geração mais nova: "Revejo-me muito neles agora, porque há uns anos acho que pertencia, pertenço, a uma geração que também, de certo modo, renovou a música portuguesa sem ser contra ninguém dos que cá estavam. Isso é o nosso trabalho e obrigação".
Com cinco décadas de carreira e vários discos que foram ficando no esquecimento, pela passagem do tempo, Paulo Carvalho admitiu que um trabalho como "Duetos" surge da necessidade de dar a conhecer aquilo que vai fazendo, ainda que ressalve que não é saudosista.
"Continuo a dizer que foi tudo muito bom o que me aconteceu, para eu agora fazer contas em relação ao que ainda vou fazer. Não fico agarrado ao passado. Só tenho saudades é do futuro, do passado não tenho", disse.
Da experiência dos concertos, Paulo de Carvalho percebe que tem um público de várias idades, mas está convencido que "Duetos" o aproximará de mais pessoas.
"Vai-me fazer chegar de certeza absoluta a pessoas mais novas, porque os pais vão ter o disco em casa e ouvir outra vez as músicas que vêm do tempo deles. Mas como há companheiros a cantarem comigo que são mais novos do que eu, é natural que vão saber quem é o velho", disse.
Hoje, no dia em que completa 70 anos, Paulo de Carvalho vai entregar um exemplar de "Duetos" ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, "que bem o merece".
Nascido em Lisboa a 15 de maio de 1947, Paulo de Carvalho foi um dos fundadores dos Sheiks, passou pelo Thilo's Combo, integrou os Fluido ainda antes de iniciar uma carreira a solo, na década de 1970, marcada por participações em vários festivais da canção.
É o intérprete de "E depois do adeus", o tema com o qual ganhou o festival da canção em 1974 e que serviu de senha para a revolução de 25 de Abril de 1974.
Tem mais de duas dezenas de álbuns publicados e é autor de cerca de 300 canções, muitas das quais interpretadas por outros artistas.