Paulo Branco denuncia má-fé da administração do Freeport

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"Houve uma ocupação completamente ilegal do nosso espaço", acusa Paulo Branco, referindo-se ao modo como, na segunda-feira, a administração do Freeport de Alcochete encerrou os Cinemas Millenium, impedindo os 30 trabalhadores de entrarem.

Em conferência de imprensa, o administrador da exibidora explica que já apresentou a devida queixa--crime por esta situação e garante que os trabalhadores (dos quais apenas oito tinham vínculo definitivo à empresa) vão receber "tudo o que estava previsto" se os cinemas encerrassem, como anunciado, a 21 de Dezembro. Mas há outras questões por resolver "Gostaríamos de reaver as nossas coisas, os equipamentos e as cópias dos filmes, que nem nos pertencem, são dos distribuidores", queixa-se Paulo Branco, acrescentando que esta situação é prejudicial também para os lojistas daquele empreendimento. "Não é por acaso que todos os centros comerciais deste tipo têm cinemas." Branco sublinha que este encerramento acontece "a poucos dias da estreia de Harry Potter, um filme que está a gerar muita expectativa", o que prova que a administração do Freeport "não está interessada no sucesso" daquele espaço.

O diferendo entre os Cinemas Millenium e o Freeport arrasta-se desde Junho, quando a empresa de Paulo Branco deixou de pagar a renda e interpôs um processo em tribunal "Fomos enganados, o projecto que nos foi prometido não tem nada a ver com a realidade", afirma o exibidor, referindo-se ao atraso na abertura das lojas, às áreas de lazer previstas e à má publicidade do Freeport. Paulo Branco esperava ter 600 a 700 mil espectadores por ano nas 21 salas de Alcochete, mas este ano só conseguiu 250 mil.

Em Junho, os Cinemas Millenium (que incluem ainda as salas do Alvaláxia, em Lisboa, e salas em Coimbra) iniciaram um processo de insolvência que previa o pagamento das dívidas da empresa (cerca de 22 milhões de euros) num prazo de dez anos. Esse plano só seria concretizável se a administração do Freeport aceitasse renegociar as condições de arrendamento os cinemas pagam uma renda de cem mil euros por mês, a que se junta a contribuição autárquica e um seguro de 700 mil euros por ano (também pagos ao Freeport). Paulo Branco afirma que o ideal é que "a renda não exceda cerca de 15 por cento das receitas mensais", o que daria perto de 20 mil euros. Como a administração do Freeport se recusou a negociar, os Cinemas Millenium denunciaram o contrato a 21 de Outubro e preparavam-se para encerrar as salas em Dezembro.

Não foi possível obter qualquer comentário ou explicação por parte do Freeport de Alcochete.

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